A Fundação FHC rebateu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), que ressaltou a importância da Comissão da Verdade, criada em seu governo, ao comemorar a vitória do longa-metragem “Ainda Estou Aqui” como Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, no último domingo (2/3).
Pelas redes sociais, a fundação ligada ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) citou a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, criada em 1995, primeiro ano de governo de FHC, e disse que o tucano foi “o primeiro a reconhecer as violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro durante a ditadura militar”. A certidão de óbito de Rubens Paiva foi emitida em 1996, também na gestão tucana.
“A ex-presidente Dilma tem razão em ressaltar a importância da Comissão da Verdade, criada em seu governo, para a revelação de violações de direitos humanos durante a ditadura militar. Compartilhamos com ela e milhões de brasileiros a alegria pelo merecido reconhecimento internacional do filme ‘Ainda Estou Aqui’, que conta a história do sequestro, tortura, assassinato e ocultação do cadáver de Rubens Paiva”, iniciou o texto da fundação.
“A ex-presidente, porém, deixa de mencionar que, antes da Comissão da Verdade, houve a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, criada em 1995”.
E completou: “Na história, não se constrói nada do zero”.
Junto do texto, a Fundação FHC publicou uma foto (veja na galeria abaixo) em que aparecem o general Alberto Mendes Cardoso, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República durante os dois mandatos de FHC, além do ex-presidente tucano e de Eunice Paiva, viúva de Rubens Paiva e protagonista do filme. A foto foi tirada durante a assinatura do projeto de lei sobre os desaparecidos políticos da ditadura militar, em 28 de agosto de 1995.
Ao comemorar o primeiro Oscar brasileiro, a ex-presidente do Brasil ressaltou o trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada em 2011, durante a primeira gestão da petista (2011-2014) à frente do Planalto, para investigar crimes da ditadura. Rousseff foi presa, perseguida e torturada pelo regime militar.
“É motivo de orgulho saber que a história de Rubens Paiva e de sua família — especialmente a busca incansável de Eunice Paiva pela verdade e pela justiça — pôde ser contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que criei durante meu governo para investigar os crimes da ditadura”, disse.
Foi a Comissão da Verdade que permitiu que, por decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em dezembro de 2024, da certidão de óbito passasse a constar referência às circunstâncias “violentas, causadas pelo Estado brasileiro” que levaram à morte do ex-deputado.