Após a Ucrânia ser alvo do maior ataque aéreo russo desde o início da guerra, na madrugada desta sexta-feira (4/7), Volodymyr Zelensky e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, conversaram por telefone e concordaram em reforçar a cooperação em defesa aérea e produção de drones militares.
A ligação ocorreu um dia após Trump manter diálogo com o líder russo, Vladimir Putin, fomentando o clima de tensão no cenário.
Leia também
-
Trump e Putin querem trocar filmes com “valores compartilhados”
-
Trump e Putin falam por telefone após EUA suspender armas para Ucrânia
-
Ucrânia tem pior noite de bombardeio em toda a guerra com a Rússia
-
Rússia comemora suspensão do envio de armas dos EUA à Ucrânia
Na ocasião, o Kremlin informou que Putin reafirmou o compromisso de seguir com os objetivos militares na Ucrânia, apesar dos apelos por um cessar-fogo.
6 imagens
Fechar modal.
Chip Somodevilla/Getty Images
Reprodução
Donald Trump e Volodymyr Zelensky
Andrew Harnik/Getty Images
Zelensky se reuniu com uma delegação dos EUA na Alemanha para discutir a guerra da Ucrânia
Divulgação/Presidência da Ucrânia
Segundo o presidente ucraniano, a conversa de cerca de 40 minutos tratou da escalada dos ataques russos, especialmente o bombardeio noturno que feriu pelo menos 23 civis em Kiev e provocou dezenas de incêndios em várias regiões do país.
“O presidente Trump está muito bem informado”, explicou Zelensky. “Discutimos opções de defesa aérea, e concordamos em trabalhar para aumentar a proteção do espaço aéreo.”
O presidente norte-americano e Volodymyr teriam explorado possibilidades de parcerias diretas na indústria bélica, incluindo o desenvolvimento conjunto de drones e tecnologias relacionadas.
“Estamos prontos para projetos diretos com os Estados Unidos, e acreditamos que isso é extremamente necessário para a segurança“, destacou Zelensky.
Negociações de paz
- Ao assumir a Casa Branca, em janeiro deste ano, Trump prometeu levar a paz para a Ucrânia, mas a tarefa tem se mostrado mais difícil do que ele esperava.
- Os esforços diplomáticos entre Moscou e Kiev, mediados por Washington, chegaram a avançar nos primeiros meses do segundo mandato do presidente norte-americano.
- Em maio, Trump apresentou uma proposta de cessar-fogo de 30 dias entre os dois países. A Ucrânia aceitou, mas a Rússia rejeitou a proposta e sugeriu uma trégua por um período menor.
Casa Branca suspendeu envio de armas à Ucrânia
Donald Trump sinalizou disposição em ajudar com sistemas de defesa aérea, em um momento em que o Departamento de Defesa dos EUA suspendeu temporariamente o envio de mísseis Patriot e projéteis de artilharia de precisão a Kiev, sob a justificativa de preservar os próprios estoques.
A pausa foi criticada por autoridades ucranianas, que alertaram para o enfraquecimento de suas defesas e o estímulo indireto a Moscou.
Ao comentar publicamente a ligação com o líder russo, Trump afirmou estar “muito decepcionado”, e declarou: “Não acho que ele esteja querendo acabar com essa briga.”
Além dos temas militares, a conversa entre Trump e Putin incluiu uma proposta cultural: os presidentes discutiram a possibilidade de um intercâmbio de filmes que promovam “valores tradicionais” compartilhados entre os dois países — uma sugestão que remete ao uso da cultura como ferramenta de influência durante a Guerra Fria.
Enquanto isso, as negociações diretas entre Rússia e Ucrânia, retomadas neste ano em Istambul, seguem sem avanços rumo a um cessar-fogo. Até agora, as rodadas de diálogo resultaram apenas em trocas de prisioneiros.
