Em comunicado divulgado ao mercado na tarde desta terça-feira (26/11), o Grupo Carrefour Brasil informou que o cronograma de entregas de produtos de carnes bovinas foi retomado e a companhia espera a normalização do reabastecimento de tais produtos no decorrer dos próximos dias.
“A Companhia manterá seus acionistas e o mercado informados sobre novos desdobramentos relevantes relacionados ao assunto”, diz o comunicado assinado pelo diretor vice-presidente de Finanças e diretor de Relações com Investidores, Eric Alexandre Alencar.
Mais cedo, o Carrefour recuou após o CEO da rede, Alexandre Bompard, suspender a compra de carne de países do Mercosul para abastecer as unidades francesas da empresa. O novo posicionamento ocorre após frigoríficos, hotéis, bares e restaurantes brasileiros promoverem boicote à rede varejista em retaliação às falas de Bompard.
A postura do CEO chegou a gerar ruído diplomático entre Brasil e França. A Embaixada do Brasil na França se manifestou em defesa do produto brasileiro e afirmou que a declaração dele “reflete opinião e temores infundados” sobre a pecuária brasileira.
No novo comunicado, divulgado na manhã desta terça pela matriz francesa, a empresa ressaltou que continuará comprando a carne brasileira, como faz “há 50 anos”.
“Nossa declaração de apoio à comunidade agrícola francesa, formulada na quarta-feira passada, sobre o acordo de livre comércio com o Mercosul, causou desentendimentos com o Brasil e é nossa responsabilidade resolver”, destacou o texto.
A empresa acrescentou que a posição do CEO não tem como objetivo alterar “as regras de um mercado francês já muito estruturado nas suas cadeias de abastecimento locais”, mas garantir ajuda aos agricultores franceses, “mergulhados numa grave crise”. “Do outro lado do Atlântico, compramos quase toda a nossa carne brasileira do Brasil e continuaremos a fazê-lo”, completou.
Entenda
A polêmica começou após o CEO do Carrefour francês, Alexandre Bompard, anunciar, na quarta-feira (20/11), que enviaria carta ao sindicato agrícola francês FNSEA informando que não mais adquiriria proteína animal de países do Mercosul.
O gesto do presidente da rede veio no contexto de um grande número de protestos na França contra a assinatura do acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul. Os produtores do país europeu são contra o texto porque temem que a concorrência seja uma ameaça aos produtos locais.
As reações começaram ainda na quarta. A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimento (Apex-Brasil) lamentou a suspensão da compra dos produtos do Mercosul e afirmou que não enxergava razões para a decisão do Carrefour francês.
O Carrefour se defendeu ao dizer que não questionava a qualidade dos produtos do bloco. “Em nenhum momento se refere à qualidade do produto do Mercosul, mas somente a uma demanda do setor agrícola francês, atualmente em contexto de crise”, comunicou a empresa.