O tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe da ajudância de ordens de Jair Bolsonaro (PL), disse, em mensagem identificada pela Polícia Federal (PF), que o ex-presidente estava sendo pressionada por pessoas do agronegócio e políticos para dar um golpe de Estado, impedindo a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Bolsonaro tem negado que tenha planejado esse golpe.
A mensagem em áudio foi transcrita no relatório final da PF divulgado nesta terça-feira (26/11) em que 37 pessoas são indiciadas por golpe de Estado, entre elas Cid e Bolsonaro.
“O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada onde ele vai, obviamente utilizando as Forças [Armadas], né. (…). A pressão que ele recebe é de todo mundo. É cara do agro. São alguns deputados, né? Então, a pressão que ele tem recebido é muito grande”, afirma Cid no áudio enviado para o comandante do Exército na época, general Freire Gomes.
Segundo as investigações, o comando da Marinha aceitou a possibilidade de tentar um golpe de Estado. Já os comandos da Aeronáutica e do Exército teriam recusado.
Medida radical
Em outra mensagem para Freire Gomes, Cid diz que Bolsonaro vem sendo pressionado para tomar uma medida “mais radical”. Os áudios com essas mensagens foram enviados no dia 9 de dezembro de 2022 pelo aplicativo de mensagem UNA.
Nas mesmas mensagens, Cid fala que Bolsonaro teria “enxugado” a minuta preparada para decretar estado de defesa e novas eleições, o que significaria na prática um golpe de Estado, segundo a PF. Freire Gomes confirmou para a PF em depoimento que a pessoa que tinha editado (enxugado) a minuta foi o ex-presidente Bolsonaro.