O Dia das Mães é sinônimo de almoço em família, presentes e abraços apertados. Porém, a pandemia deixou uma legião de órfãos, que, a cada ano, precisa aprender a lidar com a ausência da genitora e ressignificar a data.
No último dia 5 de maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o fim da Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII) referente à Covid-19. Mas as perdas que ocorreram durante a epidemia global são irreparáveis.
A estudante Aman Christina Albuquerque, 20 anos, perdeu a mãe para o novo coronavírus. Márcia Albuquerque morreu no dia 13 de junho de 2021, aos 43 anos, a um mês do dia previsto para tomar a primeira dose da vacina.
“Tudo aconteceu muito rápido. Nós a internamos na quinta-feira e foi a última vez que eu a vi. A minha família não teve a oportunidade nem de se despedir. Foi um período muito difícil para nós, e continua sendo até hoje”, conta a jovem.
Mesmo com o passar do tempo, Aman afirma que a dor persiste. “Não importa quanto tempo passe, eu ainda sinto a falta dela nos mínimos detalhes. Ela era muito presente, nós fazíamos praticamente tudo juntas. Eu não desejo esse tipo de dor a ninguém”, desabafa a estudante.
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A jovem conta que, desde então, o Dia das Mães é uma data difícil para a família. Apesar disso, todos tentam levar a vida da forma mais leve possível, para amenizar a dor. “Geralmente, eu sempre surpreendia ela nessas datas, dava presentes, e cestas. Hoje em dia não posso mais fazer isso, e esse sentimento é horrível, não consigo nem descrever”, afirma a estudante.
O servidor público Vinícius Marchi, 24 anos, também teve a vida fadada pela dor da perda. O rapaz perdeu a mãe em 12 de julho de 2021. Deila Marchi tinha dois filhos, e morreu aos 48 anos.
O jovem conta sobre como a perda virou sua vida de cabeça pra baixo. “Como ela passou 19 dias internada, eu tentei me preparar o máximo que pude, mas mesmo assim ninguém está preparado para a morte da mãe”, afirma o servidor.
Esse é o segundo dia das mães que Vinícius passa sem Deila e o jovem descreve como vive a data. “Eu ainda sofro muito, a dor não diminui. No Dia das Mães eu sempre viajo para ficar com o meu pai e evito ao máximo acessar redes sociais. Me deixa muito mal ver as pessoas comemorando a data com a mãe, e ver que não tenho mais a oportunidade de fazer isso com a minha”, desabafa o jovem.
Apesar do luto, o servidor afirma que deseja que a mãe seja lembrada como a mulher forte que era em vida. “Ela sempre foi uma ‘mãezona’, fez de tudo por mim e pela minha irmã. Como os pais dela morreram quando ela era muito nova, ela fez o possível para proporcionar tudo que não teve para nós”, afirma o jovem.
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A história do técnico em audiovisual, Itamar Oliveira, 39 anos, também é semelhante à de Aman e Vinícius. O homem perdeu a mãe em 2 de abril de 2021. Maria De Lourdes De Oliveira morreu aos 61 anos e deixou dois filhos. Além da mãe, Itamar também teve que lidar com a perda do pai cinco dias após a morte da genitora, dia 7 daquele mês.
“Depois que ela foi internada, nós só estávamos recebendo notícia de piora então tentei me preparar e ter força para esse momento. O que me dói mais é que não tivemos a oportunidade nem de nos despedir dela”, conta o técnico em audiovisual.
O homem conta como lidou com tudo na época. “Foi tudo muito complicado, mas eu tive que ter força por conta da minha esposa e da minha filha. Ela era tudo pra mim, insubstituível. Até hoje sinto que falta um pedaço de mim”, afirma o rapaz.
Itamar também afirma que a dor sentida durante essa época do ano é imensurável, e que tudo fica cinza. “Esse período do ano é muito difícil, porque ela faleceu em uma data muito próxima ao aniversário dela, que é perto do Dia das Mães também. Eu geralmente passo o dia com a minha esposa, e com a minha sogra, mas sempre sinto que está faltando algo”, desabafa o homem.
No Brasil, ao todo, mais de 700 mil vidas foram perdidas para a doença. Em todo o mundo, apenas os Estados Unidos têm mais registros, superando 1,1 milhão de óbitos.
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