Após pacientes protagonizarem um quebra-quebra na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia, o local registrou mais uma confusão, desta vez na noite desta segunda-feira (28/4).
Imagens obtidas pelo Metrópoles mostram a UPA lotada. Enquanto policiais militares acompanham a situação para evitar um possível desacerto, uma mulher reclama das falhas no atendimento.
“Está todo mundo passando mal. Ninguém está aqui brincando, não”, esbraveja a paciente.
Assista:
O que aconteceu
- Na noite de domingo (27/4), por volta de 19h50, pacientes que esperavam por atendimento médico na UPA de Ceilândia começaram a depredar o local;
- Imagens gravadas por pacientes mostram a confusão. Uma pessoa acabou detida por dano ao patrimônio público;
- Segundo o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), a confusão começou quando a UPA entrou em restrição temporária no atendimento para “preservação da vida de crianças internadas”. Naquele momento, a unidade tinha quatro clínicos e uma pediatra atendendo;
- Na tarde desta segunda-feira (28/4), o Metrópoles foi ao local e constatou a situação crítica. Crianças com febre alta e dificuldades respiratórias só estavam sendo atendidas se apresentassem febre superior a 39°C e saturação de oxigênio abaixo de 85%;
- A restrição no atendimento não tem prazo para cessar. Enquanto isso, o Iges-DF sugere que os pacientes procurem a UPA II de Ceilândia.
De unidade em unidade
Pais têm peregrinado por diferentes postos de saúde do Distrito Federal em busca de atendimento. Foi o que aconteceu com Lorrayne Ribeiro, mãe de um bebê de 1 ano. “Me desloquei para o hospital do Guará. Chegando lá, disseram que só atendem no vermelho. Meu filho está com 39°C, não come desde ontem e tem problema respiratório desde a semana passada”, contou. Sem sucesso no Guará, ela seguiu para a UPA de Ceilândia, onde encontrou o mesmo protocolo rígido. “De qualquer forma, você não tem atendimento para nenhuma criança”, lamentou.
Veja vídeo:
A falta de médicos atinge também outras unidades próximas, como a UPA do Setor O, obrigando famílias a buscarem atendimento em cidades vizinhas como Samambaia e Recanto das Emas.
Em nota, o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF), que administra as UPAs do DF, disse que a unidade de Ceilândia “permanece com a medida emergencial de restrição temporária no atendimento pediátrico”. Segundo a entidade, “a decisão é necessária para preservar a vida de crianças internadas em estado potencialmente grave na unidade”.
O instituto recomenda que pais e responsáveis levem as crianças para outras UPAs, que seguem em atendimento considerado normal. “UPAs do Recanto das Emas, Sobradinho e São Sebastião, Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), além dos hospitais da rede”.
A nota enfatiza, ainda, a escassez de profissionais de pediatria no mercado, intensificada pela sazonalidade das doenças respiratórias, que têm dificultado a reposição imediata das equipes e impactado os serviços de saúde.
“O IgesDF repudia qualquer ato de violência e reafirma que atos como ocorridos na Upa de Ceilândia I só prejudicam o atendimento, tornando o ambiente hostil tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes que aguardam de forma respeitosa pelos serviços”, disse a entidade, ainda em nota.