- Publicidade -
spot_img
HomeBrasíliaVeneno, ritual e mutilação: violência contra gatos cresce 200% no DF

Veneno, ritual e mutilação: violência contra gatos cresce 200% no DF

- Publicidade -

Os casos de veneno, mutilação e arremesso de gatos contra a parede registrados recentemente no Distrito Federal mostram que a capital vem enfrentando uma onda de crimes praticados contra animais — em especial, contra felinos. Nos últimos cinco anos, houve um aumento de mais de 200% nas ocorrências registradas pela Polícia Civil (PCDF) de maus-tratos a gatos, e de 130% contra bichos em geral.

Números obtidos pelo Metrópoles mostram que, em 2020, o DF registrou 55 ocorrências de crimes contra gatos. Em 2024, foram 169 casos, caracterizando alta de 207%.

Comprovando que os crimes contra gatos vêm aumentando de maneira significativa, os números de 2025 já estão perto de ultrapassar toda a somatória de 2020. Entre janeiro e 14 de abril deste ano, a PCDF já registrou 50 casos.

Os números são da própria Polícia Civil do DF, levantados a partir de solicitação feita pelo Metrópoles. Os dados somam as duas tipificações possíveis quando há um crime desta natureza: crueldade contra animais e maus-tratos a animais.

Veja em detalhes no gráfico abaixo:

table visualization

O gráfico acima mostra também o aumento de crimes praticados contra animais de todas as espécies. A alta de 324 casos em 2020 para 748 em 2024 significa uma crescente de 130% no período.

Como é possível ver, os casos subiram ano a ano. Cabe o destaque para a diferença entre 2023 e 2024: foram 548 ocorrências contra animais em 2023 e 748 em 2024, 200 casos a mais entre um ano e outro.

O percentual de crimes envolvendo gatos em relação aos casos contra outras espécies também segue uma escalada. Em 2020, os maus-tratos contra felinos eram 17% do número geral, enquanto em 2024, foram 23%, e, em 2025, já são 25%.

Veja abaixo:

Mutilação, arremesso e ritual contra tigrados

Em março passado, o DF viu uma sequência de casos de imensa crueldade contra gatos. As ocorrências registraram bichos com patas mutiladas, felinos tigrados contra a parede e arremesso de um bicho pela janela. Relembre:

13 imagens

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho
Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho
Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho
Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho
1 de 13

Pablo Stuart Fernandes Carvalho, 30 anos, apontado como autor da morte de, pelo menos, 20 gatos

Material obtido pelo Metrópoles

2 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

3 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

4 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

5 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

6 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

7 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

8 de 13

Um dos gatos mortos por Pablo Stuart Carvalho

Divulgação/PCDF

9 de 13

Gato resgatado pela PCDF após tutora mutilar patas do animal

Material obtido pelo Metrópoles

10 de 13

Gato resgatado pela PCDF após tutora mutilar patas do animal

Material obtido pelo Metrópoles

11 de 13

Gato resgatado pela PCDF após tutora mutilar patas do animal

Material obtido pelo Metrópoles

12 de 13

Gato resgatado pela PCDF após tutora mutilar patas do animal

Material obtido pelo Metrópoles

13 de 13

Em Samambaia, homem arrremessou gato de apartamento, matou outro felino envenenado e escondeu corpos em terreno baldio

PCDF/Reprodução

Importância da denúncia

O aumento de registros no DF está atrelado ao fato de a população estar mais inclinada a denunciar esse tipo de crime. É dessa forma que o delegado-chefe da Delegacia de Repressão aos Crimes Contra Animais (DRCA), Jônatas Silva, enxerga esse cenário de alta.

“Os casos de maus-tratos a animais sempre existiram em grande número no Distrito Federal. O que mudou foi a criação da DRCA/PCDF, em 2023, e a intensificação das ações de fiscalização, aliadas à ampla divulgação na mídia”, aponta o delegado.

“Isso aumentou significativamente a confiança da população na atuação policial, encorajando mais pessoas a denunciarem essas práticas criminosas. Ou seja, o aumento de registros reflete, sobretudo, uma conscientização social e uma maior disposição da sociedade em não se calar diante do sofrimento animal”, afirma Jônatas.

Para o delegado, gatos ainda são “vítimas de muitos preconceitos”, o que pode ter inflado os casos de tortura contra os bichos nos últimos anos. “Há uma visão equivocada de que gatos são traiçoeiros, sujos ou transmissores de doenças, o que é totalmente infundado”, analisa.

” Gatos são animais extremamente limpos, carinhosos e fiéis aos seus tutores. Eu mesmo tenho quatro gatos adotados, e posso afirmar que são seres maravilhosos.”

Sobre os casos recentes ocorridos no DF, Jônatas lamenta. “Em março deste ano, um fato me marcou profundamente. Prendemos, em flagrante, um homem que havia matado filhotes de gato no Gama de forma brutal”, relembra o delegado, referindo-se ao caso do psicólogo Pablo Stuart, citado anteriormente. “Um ato de extrema crueldade, que mostra o quanto o preconceito e a desinformação ainda colocam vidas inocentes em risco”, encerra.

Pena mais dura

A cuidadora de gatos Juliana Campos, 47 anos, destaca a importância da sanção do projeto de lei que estabeleceu, em 2020, pena de dois a cinco anos de reclusão para quem praticar ato de abuso ou maus-tratos, ferir ou mutilar cães ou gatos. Juliana, no entanto, considera branda a pena, ainda que ela possa ser aumentada de um sexto a um terço se o crime cometido venha a causar a morte do animal.

“Essa pena tem que ser ampliada”, opina a cuidadora. “Teria de ser ainda mais severa de acordo com a gravidade e a quantidade de animais”, sugere Juliana Campos.

Além de branda, a cuidadora, que trabalha com animais há mais de seis anos, entende que outros bichos deveriam ser inclusos na lei. “Gostaria muito que essa pena se estendesse a outras espécies, como animais selvagens e silvestres.”

O aumento da rigidez para com quem comete esse tipo de crime poderia desincentivar novos delitos, acredita a cuidadora. “Até porque, em alguns casos, a pena pode ser revertida em serviços sociais, por exemplo”, destaca. “A sensação de impunidade tende a incentivar [maus-tratos contra animais.”

Critérios na hora de adotar

Quanto aos critérios de adoção de um animal de estimação, Juliana cita algumas medidas aplicadas por ela e outras cuidadoras na hora de entregar um bichinho a alguém.

“Quando a adoção é presencial, geralmente em feiras de adoção, a gente faz uma entrevista presencial, pede imagens da casa onde o animal vai ficar e comprovação de renda, para saber se o adotante pode custear despesas básicas mensais e levar o bicho ao veterinário ao menos uma vez no ano”, afirma Juliana. “Quando o processo é feito online, a gente envia um formulário prévio e depois marca um encontro.”

“Uma coisa importantíssima é acompanhar a adoção por um período mínimo de seis meses. Eu tenho casos em que eu doei o animal há quatro anos e, até hoje, troco mensagens com os tutores.”

Por fim, Juliana afirma que usará o Sistema do Cadastro Nacional de Animais Domésticos (SinPatinhas), criado pelo Governo Federal no último dia 17, que oferece o registro de cães e gatos de forma gratuita para centralizar informações sobre os animais domésticos no Brasil.

“Agora, com o SinPatinhas um dos critérios [para entregar um animal à adoção] vai ser que a pessoa tenha cadastro no gov.br e que imediatamente a gente já transfira a tutela do bichinho para o adotante. Se pessoa não aceitar fazer esse cadastro, vai ser um impedimento para a doação”, encerra a cuidadora.

- Publicidade -
- Publicidade -
Midias Sociais
35,000FansLike
419,000FollowersFollow
ÚLTIMAS NOTICIAS
- Publicidade -
Relacionadas
- Publicidade -