A professora e assistente social Márcia Lopes assume o Ministério das Mulheres em meio a um cenário de aumento na desaprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) entre as mulheres. Segundo pesquisas de opinião mais recentes, o apoio do grupo, considerado estratégico para a eleição do petista, perdeu fôlego e chegou ao pior índice desde o início do mandato.
De acordo com o levantamento Genial/Quaest divulgado em abril, a rejeição ao governo Lula, entre mulheres, ultrapassou a aprovação pela primeira vez: 53% de avaliação negativa contra 43% positiva. Segundo a nova ministra, o presidente pediu que as demandas das mulheres sejam ouvidas.
“O presidente Lula disse que quer ver as mulheres mais contentes, mais protegidas, quer ver as mulheres em cada município — nos 5.572 municípios desse país — que elas se sintam respeitadas, acolhidas, ouvidas, escutadas”, frisou Lopes, horas após a nomeação.
Demissão de Cida Gonçalves
Nessa segunda-feira (5/5), o chefe do Executivo oficializou a demissão de Cida Gonçalves, após meses de “fritura”. A saída da então ministra era dada como certa por aliados, diante do incômodo do presidente com a falta de resultados da pasta.
A situação de Cida foi agravada com a divulgação de denúncias de assédio moral contra servidores da pasta. De acordo com dados da Controladoria-Geral a União (CGU), o ministério registrou 82 reclamações sobre o tema desde o início de 2023. A Comissão de Ética da Presidência chegou a abrir um procedimento para apurar supostos relatos de assédio e racismo que teriam sido praticados pela ministra, mas o caso acabou arquivado.
A troca ocorre pouco mais de um ano antes das eleições de 2026. Lula, que já sinalizou intenção de concorrer à reeleição, tem feito movimentos para recuperar a popularidade em parcelas estratégicas do eleitorado, a exemplo da população de classe média — com a proposta de isenção do Imposto de Renda — e eleitores da Região Nordeste.
Início da gestão na pasta
Após assumir o cargo, Márcia Lopes disse que pretende se reunir com ministros, representantes de estados e municípios, além de entidades da sociedade civil para discutir formas de ampliar as políticas de proteção às mulheres.
“Esse é um momento da gente se olhar, cara a cara, e dizer: ‘O que você está precisando, mulher? O que vocês, mulheres, querem desse país?’ Vivemos num mundo em que há tantas complexidades do ponto de vista emocional, psicológico, do ponto de vista das inseguranças todas. Então, o Ministério das Mulheres vai ter um intenso trabalho”
Quem é Márcia Lopes
Formada em serviço social, a nova ministra é professora aposentada da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Foi secretária-executiva do Ministério do Desenvolvimento Social durante os primeiros mandatos de Lula e, em 2010, na gestão Dilma Rousseff (PT), assumiu a titularidade da pasta.
Ex-vereadora de Londrina, Márcia Lopes concorreu à prefeitura da cidade em 2012, quando ficou em terceiro lugar. Em 2022, fez parte da equipe de transição do governo Lula na área de assistência social.