Em resposta ao plano de redução de custos anunciado pelos Correios nessa segunda-feira (12/5), o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal e Região do Entorno (Sintect-DF) manifestou oposição às medidas, classificando-as como antitrabalhistas e unilaterais.
O Sindicato destacou que não houve diálogo prévio com as representações sindicais e que as medidas violam direitos consolidados.
“A suspensão de férias é um ataque direto aos trabalhadores, que terão seu descanso anual adiado, gerando sobrecarga física e mental. Já a redução salarial disfarçada de ‘ajuste de jornada’ é inaceitável, vai na contramão do debate que toma conta do país da redução de jornada sem redução salarial”, afirmou Amanda Corcino, presidente do Sintect-DF.
O Sintect-DF encaminhou o Primeira Hora, espécie de circular enviada pela direção da empresa, ao departamento jurídico para entrar com ação visando anular a suspensão das férias e garantir os direitos dos trabalhadores. “As férias são um direito constitucional”, reforçou a presidente do sindicato.
Além disso, uma reunião com a presidência dos Correios está marcada para a próxima semana, quando o sindicato cobrará explicações sobre as medidas tomadas.
A entidade ainda defende que o governo Lula (PT) faça um aporte financeiro à empresa estatal até que o marketplace e os novos contratos comecem a dar resultado. Além disso, sustenta que o Ministério da Fazenda deve praticar uma alíquota diferenciada em relação aos Correios, “tendo em vista seu papel social, e não a mesma tarifa igual para todas as operadoras”.
“A crise não pode ser resolvida às custas de quem sustenta os Correios. O Sintect-DF seguirá firme e mobilizado para defender seus trabalhadores e trabalhadoras”, completou o sindicato.
As medidas
O pacote de medidas inclui a suspensão temporária de férias e redução da jornada com ajuste salarial proporcional e fim do trabalho remoto. Os representantes dos empregados dizem que elas vão afetar 86 mil funcionários.
De acordo com o comunicado interno da empresa, as medidas visam economizar R$ 1,5 bilhão em 2025, após um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024. Entre as principais mudanças estão:
- Suspensão de férias a partir de 1º de junho de 2025, com retorno apenas em janeiro de 2026;
- Redução da jornada para 6 horas diárias (34h semanais), com corte proporcional nos salários;
- Retorno obrigatório ao presencial a partir de 23 de junho, exceto para casos judiciais;
- Revisão orçamentária na sede dos Correios, com corte de 20% em funções.
O que diz a direção
Ainda nessa terça-feira (13/5), ante à intensa repercussão negativa, a direção dos Correios disse que não vai retirar “nenhum direito” dos trabalhadores.
“É importante destacar que o plano de reestruturação da empresa está em andamento desde 2023 e, ao contrário da gestão anterior, que excluiu 40 itens do acordo coletivo, nenhum direito dos trabalhadores será retirado”, diz o texto, ao qual o Metrópoles teve acesso.
A ideia, afirma a empresa, é focar na redução de despesas e na modernização e retomar as receitas e, assim, fortalecer o fluxo de caixa da estatal.