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Confira íntegra da entrevista com Helder Barbalho, governador do Pará

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O governador do estado do Pará, Helder Barbalho (MDB), falou ao Metrópoles Entrevista, na quarta-feira (12/2), sobre a preparação da cidade de Belém para receber a Conferência das Partes (COP30). Ele também abordou as potencialidades do estado diante da transição para a bioeconomia, o cenário político desenhado para 2026 e as ambições políticas dele.

Veja a entrevista completa:

 

Leia a íntegra da entrevista:

 

Metrópoles: Governador do Estado do Pará, que é o anfitrião da Conferências das Partes (COP) 30. E a gente quer falar bastante desse assunto hoje, mas primeiro governador como que a cidade de Belém está se preparando para receber esse evento que chega aí no fim do ano?

Helder Barbalho: Isto é uma oportunidade, uma oportunidade muito significativa de investimentos que estão sendo feitos para preparar a cidade para este momento em que receberemos o maior evento diplomático ambiental de todo o planeta. E a partir desta oportunidade, nós estamos implementando iniciativas e ações que possam deixar um legado para Belém (PA), que possam trazer à cidade qualidade para a sua mobilidade urbana, por exemplo, com novos ônibus, com o transporte público digno para a população, investimentos em abastecimento de água, em tratamento de esgoto, em macrodrenagem, investimentos de novas avenidas, investimentos que trazem parques urbanos para que tenhamos áreas de convivência para aqueles que moram e aqueles que nos visitam.

Certamente com as obras que estão sendo implementadas, que totalizam cerca de R$ 5 bilhões de investimentos em obras públicas, seja federal, estadual ou municipal. São mais de 30 obras estruturantes em larga escala que estão sendo realizadas. Nós teremos uma cidade bem melhor, uma cidade que permite se encontrar soluções para problemas, problemas históricos que estão sendo solucionados a partir deste momento em que todos se voltam para Belém e aqueles que estiverem nos visitando certamente terão a boa experiência de estar numa cidade bela, cercada de floresta, cercada de rios, cercada da melhor gastronomia do planeta, cercada de povos tradicionais, de povos indígenas, quilombolas, extrativistas e de muita gente boa, gente trabalhadora que está de braços abertos para viver esse momento tão importante de debate ambiental, mas que acima de tudo, está debatendo a vida, debatendo soluções para o planeta. E nada melhor do que fazer isso na capital da Amazônia, fazer isso em Belém do Pará.

Metrópoles: Por falar em oportunidade, olhando do ponto de vista de negócio para as empresas, quais as oportunidades que se abrem para as empresas e também para o trabalhador do estado do Pará?

Helder Barbalho: Primeiramente, nós estamos com o maior pacote de formação de mão de obra para qualificar as pessoas que vivem em Belém. Neste momento nós já estamos implementando. São 22 mil vagas de cursos de qualificação para que estas pessoas que ali moram possam se enxergar com oportunidade de mão de obra que será utilizado no evento, destacando se, por exemplo, cursos bilíngue que incrementam o currículo.

Mas posso também falar aqui de qualificação de hotelaria, de hospitalidade, o melhoramento do serviço, seja num bar, num restaurante ou num taxista que está aprimorando a sua qualidade e nós chegaremos a um total de 100 mil vagas de cursos até outubro. Portanto, no mês que antecede a COP 30, este é um importante conteúdo de legado que diretamente envolve as pessoas.

Sob o aspecto empresarial, nós estamos fortalecendo a vocação do turismo com a agenda da Amazônia. Nós estamos implementando novas vagas de hotelaria, novos hotéis que chegam para Belém, novas oportunidades de voos internacionais e vôos nacionais que fazem com que Belém seja um grande centro de distribuição de voos a partir do norte do Brasil, por exemplo. Nós tivemos agora, em 2024, a maior movimentação do aeroporto internacional de Belém da sua história.

Foram 4,1 milhões de pessoas que embarcaram ou desembarcaram no aeroporto de Belém. Portanto, isto aponta que a vocação turismo passa a ser uma nova economia para o Estado. Mas eu gostaria de destacar a economia verde, destacando aqui bioeconomia, pagamento por serviços ambientais, concessões florestais. Destacar aqui a oportunidade do mercado de carbono. Isto tudo são agendas que devem constar dos desafios debatidos na COP 30 e soluções baseadas na natureza, para que nós possamos conciliar produção com preservação, preservação com produção, preservando a nossa floresta, mas podendo produzir.

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Helder Barbalho: Minha energia está focada e até o último dia de minha gestão

Helder Barbalho diz que desafio é conciliar conservação e sobrevivência de mais de 29 milhões de pessoas
Helder Barbalho
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Governador do Pará, Helder Barbalho

Hugo Barreto/Metrópoles

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Helder Barbalho: Minha energia está focada e até o último dia de minha gestão

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Helder Barbalho diz que desafio é conciliar conservação e sobrevivência de mais de 29 milhões de pessoas

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Helder Barbalho

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@hugobarretophoto

Lembrando que nós temos a maior floresta tropical do mundo, mas nós temos na Amazônia 29 milhões de pessoas que precisam ter oportunidade de empregos verdes, de empregos sustentáveis, oportunidade de sustento. E aí um olhar para todas as Amazônias, para a Amazônia, floresta para a Amazônia, rios, mas para a Amazônia, a cidade, nós temos áreas urbanas. Belém com mais de 1,5 milhão de habitantes, Manaus como grande metrópole amazônida. Portanto, estas oportunidades de trazer a discussão ambiental para a Amazônia nos apresenta uma oportunidade extraordinária de gerar desenvolvimento sustentável para nossa região.

E do ponto de vista educacional e cultural. Quanto à questão da oportunidade, que legado o senhor acredita, que mensagem que vai ficar desta COP, uma vez que é uma COP na floresta e a gente está falando de uma questão ambiental que é muito cara para todos os países do mundo hoje, frente os desafios que a gente tem enfrentado?

O primeiro é muito interessante a mobilização da sociedade. Hoje, aqueles que vivem em Belém, na região metropolitana, estão efetivamente envolvidos com esta agenda da sustentabilidade, inclusive buscando se enxergar nesta nova agenda. Somando-se a isso, o estado do Pará implementou a educação ambiental no currículo escolar para os 565 mil alunos. Todos os nossos alunos hoje, junto com Matemática, Português, Geografia, História, Ciências, têm educação ambiental para que nós possamos internalizar a partir do conhecimento escolar, na cultura comportamental, iniciando pelos jovens, pelas crianças.

Mas certamente estes levarão para a mesa do almoço, do jantar a conversa com o pai, com a mãe e com o avô, com a avó, de dizer o quanto importante é para a humanidade preservar o meio ambiente e preservar o meio ambiente e preservar uma floresta. Sim, mas educação ambiental é muito mais do que isso. É não jogar o lixo na rua e não sujar a sua cidade e poder cuidar do seu quintal e poder plantar uma árvore na frente da sua casa.

São pequenos exemplos. São grandes exemplos todos juntos, a partir da consciência. E é isso que nós estamos implementando. E eu me orgulho muito, porque nós somos o primeiro estado, e me parece que o único estado do Brasil que instituiu na educação pública estadual a educação ambiental, dentro da grade curricular pedagógica.

Metrópoles: Junto com oportunidades, também vêm desafios. E a gente tem observado críticas quanto à disponibilidade de hospedagem na cidade de Belém. Como o senhor disse, é um grande evento e muita gente quer participar. São mais de 190 países que vão provavelmente enviar suas delegações. Como que a gente olha para essa questão vislumbrando o evento chegando aí em novembro, o que a gente pode pensar, se é que é possível alguma solução a tempo ainda para olhar para essa questão da hospedagem, principalmente dos preços que que têm subido?

Helder Barbalho: Desde o primeiro momento foi o grande desafio. Quando nós trabalhamos para escolher Belém para ser sede da COP, primeiro ali se teve a coragem de quebrar o paradigma de mostrar que os eventos tradicionalmente acontecem no eixo Rio-São Paulo. São cidades preparadas para isso. Mas nós não estamos falando de um evento qualquer. Então não estamos falando apenas de um evento.

Nós estamos falando de um legado. Se construir um novo paradigma, nós estamos discutindo meio ambiente, vamos discutir meio ambiente, no que coloca o Brasil como líder ambiental, que é a floresta amazônica. Junto com isto, é claro, traz o desafio de preparar a cidade para receber um grande evento e a hospitalidade, hotelaria e outras soluções. Desde o primeiro momento, quando diagnosticamos as demandas apresentadas pelas Nações Unidas (ONU), nós apresentamos todas as soluções que pudessem atender aquilo que nos foi reivindicado de oferta de leitos.

Neste momento eu entendo que nós estamos num processo de início de oferta ainda com oferta reduzida, porque, por exemplo, nós ainda temos os hotéis novos que estão ficando prontos. Estes ainda vão ofertar os seus leitos. No próximo dia 17 de março, portanto, daqui a quatro dias, nós estaremos fazendo a contratualização de 5 mil leitos em navios de cruzeiro que estarão ancorados no porto de Belém, com navios absolutamente apropriados para ofertar leitos de alto padrão que permitirão uma ampliação na escala de oferta.

Além disto, nós estamos fazendo fila de líderes. Nós estamos reconstruindo escolas que servirão de oferta de leitos para estudantes, para mobilização social, para as organizações não governamentais. Nós estamos impulsionando aplicativos por aluguel de temporada para ter mais oferta. Portanto, são várias soluções que permitirão com que a oferta se amplie e com isto, os preços possam estar acomodados. Portanto, eu compreendo que neste momento, como estas ofertas estão em fase de implementação, os preços ainda estão exorbitantes.

No momento em que amplia se a oferta, naturalmente nós teremos uma acomodação destes preços para preços que estejam razoáveis e dentro das práticas regulares de grandes eventos. Agora, é importante que nós possamos registrar todo o grande evento, quando gera uma pressão por demanda, é natural na lei de mercado que haja uma elevação de preço. Isso acontece em Belém, isto acontece em Brasília, Rio, São Paulo, Nova Yorque, em qualquer lugar do mundo. Portanto, nós temos a obrigação de garantir com que a oferta de leito possa estar incrementada, e com isto, nós possamos ter as práticas razoáveis em que as pessoas que queiram ir para discutir meio ambiente, que queiram participar da COP, não tenham nos custos de hotelaria, de hospedagem, um impeditivo para uma ampla mobilização e participação da sociedade.

Metrópoles: O presidente da COP, André Corrêa do Lago, ele divulgou uma carta na segunda-feira (10/3) sobre o evento e ele passa sobre vários temas e faz um chamado à participação e engajamento das comunidades não só do Brasil. E aí ele toca no ponto de que a COP deve tratar, como as outras demais também, de ações de mitigação e adaptação e, principalmente de valor, para poder subsidiar e bancar esse processo globalmente. A meta é atingir US$ 1,3 de arrecadação. O senhor acredita que o foco da COP tem que ser essa questão de financiamento ou o senhor vê que essa é uma COP de floresta, que a gente tem que olhar mais para a questão florestal?

Helder Barbalho: Uma coisa conjuga com a outra. O que aponta o embaixador André Corrêa do Lago é de que os países desenvolvidos têm que financiar os países em desenvolvimento para que este desenvolvimento seja com práticas de redução de emissões. E aí o financiamento climático é fundamental para que nós possamos, por exemplo, viabilizar a transição energética. Precisa-se ter financiamento para mudança de matriz energética, para deixar do consumo de combustíveis fósseis, por exemplo, que é hoje muito utilizado no mundo para matrizes renováveis, para que nós possamos garantir com que, por exemplo, a biocombustível possa está sendo implementado em maior escala para que a energia eólica energia solar possa ser implementado, seja a partir da nossa costa oceânica, com os nossos ventos, seja a partir da implementação cada vez maior de parques solares, para que nós possamos investir em tecnologia, que a biomassa possa se transformar em biocombustível, para que nós possamos transformar o SAF (da sigla em inglês Sustainable Aviation Fuel) como um novo combustível para a aviação, que é extremamente relevante, mas também discutir o financiamento climático para a implementação da bioeconomia a partir da nossa biodiversidade.

A biodiversidade agrega valor para a floresta viva. Eu sempre costumo dizer que o nosso grande desafio para a preservação da floresta Amazônica é fazer com que floresta viva possa valer mais do que floresta morta. E o financiamento climático precisa disso para que eu possa transformar a biodiversidade em bioeconomia? Eu tenho que ter investimento em tecnologia, em inovação, em conhecimento.

E aí entra o financiamento climático para isto, para que eu possa, por exemplo, fazer com que a preservação ambiental, a redução das emissões possa se transformar em carbono capturado e isto possa compensar aqueles que emitem carbono à atmosfera. Isto requer financiamento climático para que eu possa adaptar as cidades. E aí são cidades da Amazônia, mas são cidades do mundo.

O que nós vimos por exemplo, no Rio Grande do Sul, Porto Alegre, perfeito, que requer investimentos para adaptar as cidades às novas… A resiliência do novo normal, das urgências ambientais. Portanto, o que diz o embaixador André Corrêa do Lago é que nós precisamos encontrar soluções que possam ampliar o financiamento dos países que mais desmataram os seus biomas, que mais emitem gases de efeito estufa, porque têm no modelo industrial as suas economias.

Portanto, são economias consolidadas que precisam financiar os países que ainda têm floresta e que podem contribuir para o equilíbrio do clima, mas precisam de financiamento para que este desenvolvimento seja sustentável e não predatório.

Metrópoles: A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tocou nesse ponto da questão de financiar a floresta viva. Ela tem defendido, entre as propostas para movimentar e chegar a esse valor de US$ 1,3 bilhão um fundo de proteção de florestas. Como que o estado está preparado para poder, em se efetivando essa possibilidade, conseguir fazer com que esse dinheiro realmente chegue no devido fim e a gente tenha a floresta de pé financiada devidamente?

Helder Barbalho: O Estado do Pará desde 2019, trabalhou primeiro com comando, controle e fiscalização para reduzir o desmatamento. Em números, (em) 2018 nós tivemos 4,4 mil quilômetros quadrados (KM²) de áreas desmatadas. Em 2024 se reduziu para 2,2 mi KM², portanto, uma redução real de 50%, o que significa que deixou-se de desmatar 2,2 mil campos de futebol. Isto é, uma entrega real de preservação florestal.

Mas só isto não é suficiente. Nós precisamos criar uma transição econômica, ecológica e o financiamento é relevante neste sentido. Por exemplo, nós hoje temos o plano de bioeconomia do estado. Nós, inclusive, estaremos entregando o Parque de Bioeconomia quando da COP. Nós precisamos de recursos para que este plano de bioeconomia que estudou biodiversidade possa ser viabilizado com uma nova economia e uma nova vocação.

Precisamos de recursos para isso. Mercado de carbono da mesma forma, transformar a captura de carbono numa nova commoditie global em que as empresas que emitem carbono possam comprar o carbono capturado. E isto monetize. Quem tem bons exemplos, eu preservo a floresta, eu vou vender carbono que eu preservei para quem emitiu o carbono. Eu transformo isto numa nova economia.

Portanto, são várias alternativas.. Pagamento por serviços ambientais, hoje, um produtor rural na Transamazônica, no Pará, ele desmata para colocar pecuária, para colocar um gado ou para plantar uma soja, plantar milho, plantar cacau. Se ele receber por pagamento de serviços ambientais, ele pode ser monetizado. Ele pode receber um recurso para que ele possa preservar a floresta. Portanto, são estratégias diversas para que nós possamos conciliar o grande desafio.

Nós temos que preservar a floresta, mas nós temos que lembrar que nós temos milhões de pessoas que vivem na região, que vivem e precisam sustentar as suas famílias. Esta conciliação é o grande desafio para que nós possamos efetivamente ter a preservação ambiental e cuidar das pessoas como a agenda central do nosso país.

Metrópoles: Governador, a diplomacia brasileira, ela historicamente é muito hábil e tem um histórico de buscar soluções para esses momentos de discussão de temas complexos, como é a questão ambiental no momento. Eu sei que isso compete mais ao governo, ao governo federal, claro. Mas eu gostaria de saber se o senhor tem tido tempo de coletar algumas informações sobre como esse trabalho está sendo feito? Porque a gente sabe que esse trabalho começa muito antes do dia das reuniões da COP.

E chegou o momento que nós estamos a partir do governo federal e a partir da escolha do presidente da COP, do embaixador André Correia. De um lado, discutindo quais serão as ambições para a COP 30, a COP 30 será um evento transversal, mas ela tem ali os negociadores que têm a obrigação de serem portadores das responsabilidades, das ambições e daquilo que os países efetivamente irão firmar de compromissos ambientais.

Para hoje e para o futuro. A COP 30 terá oportunidade, inclusive, de olhar aquilo que se discutiu na COP de Paris há dez anos atrás, em 2015, para verificar aquilo que acertaram em Paris fizeram ao longo destes anos. Então nós vamos checar estas informações para frente. Diplomaticamente, nós devemos ser ambiciosos no sentido de fazer da COP em Belém a COP da implementação menos discurso e mais efetividade, menos intenções e mais realizações.

Por isso as discussões que o Brasil aponta. Inclusive nesta semana, o Brasil apresenta a primeira carta que significa a apresentação daquilo que o Brasil deseja fazer de chamamento e de articulação. E cabe isto ao país sede. Deve-se chamar todas as nações primeiro, para reafirmar os alertas. As ambições devem estar na proposta de proporção das urgências climáticas, e é necessário que nós possamos, portanto, cobrar dos países desenvolvidos que possam ter ambição ampliada para financiar.

E aí não é financiar o setor público, é financiar o conjunto de ações e uma empresa de energia que possa financiar a sua transição energética. A Petrobras, por exemplo, nós temos a maior empresa petrolífera brasileira, que deve ser, num primeiro momento, ao tempo em que tem no combustível fóssil a sua agenda, ela precisa usar da sua receita e do seu lucro para investir na transição energética, para que nós possamos apontar, em poucas décadas, que o Brasil não precise de combustível fóssil para ser auto sustentável na oferta de energias renováveis, para conciliar a preservação ambiental com a redução das emissões.

E falo do exemplo das petrolíferas. Eu posso falar da mineração, posso falar de outras atividades econômicas que possam permitir, portanto, com que o financiamento privado, o financiamento público, se concilie nas agendas de redução das emissões para que nós possamos cumprir a meta. E qual é a meta? Nós temos um prazo mundial de que 2050 nós temos que ser carbono neutro.

Portanto, zerar as emissões, zerar as emissões significa o quê? Significa que, por um lado, aquilo que se emite se reduz e aquilo que se captura de carbono compensa. O saldo destas reduções, que não puderam ser integralmente neutrais usados. Portanto, é este equilíbrio que 2050 é a agenda. Mas o Brasil é mais ambicioso. O Brasil quer chegar em 2035 como carbono neutro, o Pará quer chegar em 2030 como carbono neutro.

Portanto, são estas ambições que devem ser cobradas agora. Nós só entregaremos estes resultados se as ações estiverem acontecendo nas urgências. Portanto, tem que acontecer hoje. Não se pode apenas ficar nas intenções e esperar chegar as datas dos acordos para que isto possa começar a acontecer.

Metrópoles: A gente está falando até agora da COP, estamos falando no fim desse ano, mas vamos olhar para 2026 e agora o tema é política. A gente tem hoje um cenário na política nacional polarizado. A gente tem no campo da direita ainda uma indefinição sobre um possível nome para concorrer à Presidência da República no ano que vem. E do lado do presidente Lula, ele ainda não firmou o nome dele como candidato à reeleição. Como o senhor vê esse cenário, seu partido, diante desse momento no país?

Helder Barbalho: Eu entendo que é muito precoce tratar sobre as eleições de 2026. No momento em que nós temos desafios absolutamente relevantes que estão na agenda dos brasileiros. Só quem está preocupado com eleição de 26 são os políticos. O brasileiro, nesse momento, está preocupado é com o preço do alimento, com o preço do combustível, com o preço da energia, com o preço do custo de vida das pessoas.

Portanto, eu entendo que todas as energias daqueles que têm responsabilidade pública devam estar voltadas para de que forma nós podemos dar solução para esta agenda, dar solução para a agenda da segurança pública, que infelizmente se transformou num dilema da sociedade brasileira, a perda de vidas de pessoas que ao sair de casa para trabalhar, para estudar, perdem entes queridos, veem os seus direitos ceifados.

Metrópoles: O senhor entende que essa será uma eleição mais pautada por segurança ou por economia?

Helder Barbalho: Eu entendo que existem quadras distintas. É natural que a eleição nacional possa ter economia como ponto central e as eleições estaduais tenham na agenda da segurança pública um maior protagonismo. Mas hoje há uma conexão pelo acesso à informação, de que as agendas, elas ultrapassam os seus limites territoriais, o que acaba gerando, naturalmente, uma discussão mais nacional sobre agendas que eventualmente possam ser locais.

O que eu defendo e defendo isto no meu partido é que nós temos que trabalhar para colaborar com o Brasil, para que o Brasil possa vencer os seus reais problemas e, portanto, as nossas energias têm que ser para combater os reais problemas. Discussões ideológicas são salutares. Sim, mas nós não podemos ficar presos a ideologias e perder a energia naquilo que efetivamente importa para a população.

Portanto, nós temos que discutir soluções para o Brasil e no momento adequado das eleições, quando as candidaturas estiverem postas, aí sim haverá de se discutir quais são os personagens que irão disputar o pleito e, consequentemente, quais serão as decisões que os partidos políticos irão fazer. É claro que o posicionamento do presidente da República em ser candidato tem um ponto de absoluta relevância e determinará um ponto fundamental nos debates e discussões e estratégias que os partidos políticos terão de adotar.

Metrópoles: O governador falou que é cedo, mas eu não posso deixar de perguntar. O senhor está no segundo mandato, foi reeleito com uma porcentagem de votos significativa e a gente quer saber o futuro de Helder Barbalho. O senhor pensa futuramente, no âmbito político, alçar um voo ao Senado?

Helder Barbalho: Neste momento, a minha cabeça está focada em retribuir à população do Pará a confiança. Eu fui eleito o governador mais votado do Brasil proporcionalmente nas últimas eleições. Isto é uma responsabilidade enorme. Conjugado a isto, nós temos a missão, que é nacional e a internacional, de recebermos o maior evento ambiental do planeta. E nós não podemos perder a oportunidade de fazer com que isto seja um legado para o Estado do Pará e um legado para o Brasil.

No momento seguinte, à COP, estarei me debruçando sobre as discussões eleitorais nesse momento por parte do meu partido. A sinalização de que eu deva ser candidato ao Senado da República. Mas a minha energia está focada e até o último dia de minha gestão, poder retribuir a confiança do povo paraense.

Metrópoles: A gente torce pelo sucesso da COP, não só pelo estado do Pará, de Belém, do Brasil, mas por toda essa situação. E nesse momento a gente deseja que tudo seja uma COP de sucesso, para o bem do país e de todo o mundo. Agradeço ao senhor por essa entrevista e até uma próxima.

Helder Barbalho: Um prazer que nós possamos, nestes dias que antecedem a COP, trabalhar muito para habilitar Belém com uma grande sede para habilitar o Brasil como grande receptivo de todo o planeta e nós possamos deixar um legado acima de tudo, o legado que servirá para a humanidade, que servirá muito ao Brasil e que valorizará muito a nós amazônidas. E convidar a todos que possam conhecer a Amazônia, conhecer o Pará, conhecer Belém e viver essa experiência fantástica que é estar no coração da floresta.

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