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Especialistas veem oportunidades para o Brasil com taxação pelos EUA

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A imposição de novas taxas para importação de produtos pelos Estados Unidos, na última quarta-feira (3/4), deu início a um rearranjo no comércio internacional. Economistas ouvidos pelo Metrópoles acreditam que as mudanças no fluxo global de bens e serviços abre oportunidades de mercado para os produtos com origem no Brasil.

Os especialistas consideram que as oportunidades aos produtos brasileiros podem ocorrer de várias formas, seja pelo comércio com os próprios norte-americanos ou outras nações.

Na quarta, Trump impôs uma taxa de 10% para todos os produtos que entrarem nos EUA com origem no Brasil. Apesar de a medida impactar os negócios brasileiros, houve outros países que tiveram alíquotas mais robustas. É o caso de Cambodja (49%), Laos (48%), Madagascar (47%), Vietnã (46%) e Sri Lanka (44%). A vigência será a partir do sábado (5/4).

Economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Carla Beni vislumbra oportunidades ambiciosas para o Brasil, que, no entendimento dela, deve se empenhar para firmar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, bem como “intensificar” as relações com os integrantes do Brics. No entanto, ela adverte que o processo de acomodação dos ânimos no processo de transformação será turbulento.

“Vai ser um processo lento, aos solavancos. Vai sobrar tiroteio para todos os lados. Então, (a mudança) tem efeitos colaterais. Isso é complexo, mas nós estamos vendo algo inimaginável. Os Estados Unidos estão desmontando a ordem econômica neoliberal que eles mesmos implementaram”, alerta.

Beni acrescenta que é preciso estar atento às oportunidades. “Se a gente focar só no que a gente exporta para os Estados Unidos, nós exportamos, por exemplo, na parte do agronegócio, frutas, pescado, café e mel. Esse é o básico do que a gente exporta. Esses produtos são desejados por outros países”, lembra.

A especialista da FGV lembra que o atual modelo de comércio exterior teve as bases lançadas após a Segunda Guerra Mundial, e que foi desenhada sob a batuta norte-americana.

Fortalecimento com os americanos

Professora do Departamento de Economia da UnB, Daniela Freddo entende o fato de o Brasil ter sido alocado no grupo dos países com a menor tarifa, de 10%, como algo positivo. “Analisando o que está acontecendo hoje, caso continue desta forma, como foi anunciado desde quarta-feira, espera-se que os Estados Unidos reforcem as relações com o Brasil, o que é muito importante para a economia brasileira”, destaca.

Além da alíquota ampla de 10%, o Brasil já foi afetado pela tarifa de 25% para aço e alumínio. A medida, no entanto, se aplica aos produtos independentemente da origem. O Brasil é um importante exportador destes produtos para os norte-americanos.

A professora da UnB lembra que países asiáticos receberam taxas elevadas, o que dificulta, senão inviabiliza, o comércio deles com os norte-americanos. Embora julgue ser “precoce” para identificar oportunidades específicas, ela acredita ser importante voltar os olhos para produtos primários, como os minérios. “Precisamos ver a capacidade produtiva brasileira de entrar nesses setores nos quais os Estados Unidos estão afetando o comércio com o resto do mundo. Mas ainda é muito precoce para dizer.”

Mais produtos em evidência

Presidente do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo e Conselheiro do Conselho Regional de Economia da 2ª Região (Corecon-SP), Carlos Eduardo Oliveira Júnior afirma ao Metrópoles que as oportunidades devem surgir porque “o mundo inteiro vai reagir”.

“Muitos países que compram produtos norte-americanos vão reduzir ou deixar de adquirir os produtos americanos e, eventualmente, produzir e adquirir de outras nações. E aí cabe ao Brasil ter essa condição. E o Brasil tem, em vários segmentos, condições de estar suprindo eventualmente essa situação”, explica Júnior.

O economista acredita que as oportunidades brasileiras podem estar, por exemplo, em produtos como aviões fabricados pela Embraer, café, cacau, aço, alumínio e produtos químicos manufaturados.

“É óbvio também, paralelo a isso, (devemos) negociar com os Estados Unidos a redução dessa taxa de 10%, principalmente. Porque o Brasil hoje tem um déficit comercial com os Estados Unidos”, defende o especialista.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,37 bilhões e importou R$ 40,65 bilhões, o que representa um déficit de US$ 283,8 milhões na relação com os Estados Unidos. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDic).

Veja os números:

Imagem colorida arte exportações Estados Unidos

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, respondendo por 12% das exportações e 15% das importações. O primeiro é a China. Os produtos brasileiros mais importados pelos EUA em 2024 foram: óleos brutos de petróleo ou de minerais betuminosos, crus, produtos semi-acabados, lingotes e outras formas primárias de ferro ou aço, aeronaves e produtos relacionados.

Em entrevista ao Blog do Magno na última quinta-feira (3/4), o vice-presidente da República e também titular do MDic, Geraldo Alckmin (PSB), deu pistas de que o Brasil busca outros mercados.

Alckmin pontuou, por exemplo, que o Brasil ainda não vende carne para o Japão, assim como etanol e aeronaves. Na última semana, o vice acompanhou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em um tour por países da Ásia, entre eles o Japão e o Vietnam.

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