Menos de 24 horas após o ataque na Unidade Básica de Saúde (UBS) 1 da Asa Sul, profissionais de saúde protestaram em frente ao posto de saúde, nesta quinta-feira (28/5), para cobrar segurança e melhores condições de trabalho.
Os servidores públicos enfatizaram que o episódio não se tratou de caso isolado e reflete uma realidade de profissionais sobrecarregados e de uma população sem atendimento.
Assista:
Ex-presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), Marcos Wesley comentou que agressões passaram a ser rotina nas unidades de atendimento.
“Quem está ali não é inimigo da população. Todos são vítimas desse descaso, dessa situação em que se encontra a saúde hoje no Distrito Federal: tanto quem precisa de atendimento e não consegue quanto quem quer prestar um atendimento de qualidade e não consegue, porque está sobrecarregado, além de faltarem equipamentos e condições ideais [de trabalho]”, elencou.
Leia também
-
Asa Sul: preso por depredação costumava ameaçar funcionários de UBS
-
Vídeo: em fúria, paciente destrói UBS da Asa Sul e ameaça servidores
Os profissionais divulgaram, ainda, uma carta aberta, onde relataram o sentimento de vulnerabilidade e a falta de condições para atender a população. “Na pandemia, fomos aplaudidos. Hoje, enfrentamos agressões e desprezo. Precisamos da solidariedade da população. O SUS [Sistema Único de Saúde] é de todos e, para continuar a existir, precisa ser valorizado e protegido”, desabafaram.
Veja imagens do protesto:
Depredação e ameaças
Pouco depois do crime, a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) prendeu o homem gravado ao depredar a UBS 1 da Asa Sul, nessa quarta-feira (28/5).
Preso em flagrante pelos crimes de dano a bem público e ameaça, segundo a PMDF, o suspeito vive em situação de rua e costumava ameaçar funcionários da UBS.
O suspeito, que ainda teria resistido à prisão, segundo a Polícia Militar, teria ido à unidade de saúde para agendar exames de sangue. Porém, foi abordado por um vigilante, que o pediu para abaixar o volume do som que ouvia em um aparelho, devido à reclamação de outro paciente.
A partir disso, o homem em situação de rua começou a ficar agressivo e a chamar o vigilante para brigar na área externa da UBS. O suspeito não teve o nome divulgado.
Confusão em unidades de saúde
- No fim de abril último, pacientes depredaram a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Ceilândia, devido à falta de profissionais na área de pediatria.
- Na UPA, havia apenas um médico dessa especialidade no plantão, e os gestores precisaram adotar uma “medida emergencial de restrição temporária no atendimento”.
- Na última sexta-feira (23/5), duas mulheres indignadas com a falta de atendimento no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) usaram pedaços de madeira para tentar quebrar a porta do pronto-socorro da unidade de saúde.
Colegas de trabalho conversaram com o vigilante para demovê-lo de topar a ideia, o que deixou o agressor mais violento. Em seguida, o suspeito começou a quebrar itens da recepção, como o vidro e um computador da unidade de saúde.
Testemunhas que estavam na UBS acrescentaram que, pouco depois, o suspeito disse que buscaria uma faca e sumiu. Em outro vídeo, divulgado por Marcos Wesley é possível ver outro momento da confusão.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Saúde (SES-DF) informou estar ciente do ocorrido na UBS, bem como lamentou o episódio de violência e repudiou atos desse tipo. “A confusão interrompeu o atendimento na unidade, e os prejuízos ainda são calculados”, segundo a pasta.