O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, confirmou, nesta terça-feira (29/4), que o “guidance” — orientação sobre a política monetária futura, no jargão do mercado financeiro — pelo Comitê de Política Monetária (Copom) “segue vigente”.
Na última ata do Copom, o colegiado indicou que o ciclo de aperto monetário (ou seja, o aumento dos juros) “não está encerrado”, mas que a próxima elevação “seria de menor magnitude”, após elevação de 1 ponto percentual.
“A intenção foi demonstrar que, na visão do comitê [Copom] e de todos os diretores, a comunicação anterior passou muito bem por esses 40 dias e segue vigente. Então, tudo que a gente comentou permanece vigente”, disse Galípolo durante entrevista coletiva para detalhar os dados presentes no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) referente ao segundo semestre de 2024, também divulgado nesta terça-feira.
Aperto monetário seguirá para cumprir meta
Ele afirmou que, do ponto de vista do Banco Central e do Comitê de Política Monetária, a diretoria vai optar por “colocar a taxa de juros no patamar que for restritivo o suficiente e pelo período que for necessário para atingir a meta”.
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual – isto significa, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
A partir deste ano, a meta de inflação é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
A inflação atual, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumula alta de 5,48% nos últimos 12 meses até março. Nesse ritmo e patamar, o IPCA caminha para mais um ano em que a meta será descumprida.
Em declarações recentes, o próprio Banco Central segue indicando o estouro do teto da meta neste ano. Na última ata do Copom, o colegiado alertou que, se a inflação seguir avançando, o valor acumulado em 12 meses ficará “acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos”.
Contudo, Galípolo disse que a autoridade monetária “não tem nenhum tipo de desconforto” com a atual meta inflacionária, de 3%.
“Acho que o Banco Central está fazendo seu caminho para perseguir a meta de 3%”, disse Galípolo, acrescentando que não vê o Brasil como “outlier” (ponto fora da curva) em relação à meta inflacionária de outros países”, declarou.
Galípolo voltou a dizer que o fato do país ter uma fluidez menor nos canais de transmissão, implicaria em ser necessário “conviver com um patamar mais elevado [de juros] para conseguir o mesmo efeito [convergir a inflação à meta]”.