A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) assumiu a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) na segunda-feira (10/3) e terá como desafio conciliar a articulação do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A ministra, conhecida pelo perfil incisivo, chega ao cargo em um momento delicado para o Palácio do Planalto, onde Lula enfrenta uma queda nas pesquisas de aprovação.
Entenda
- Gleisi Hoffmann assume como ministra das Relações Institucionais, com a missão de fortalecer a articulação política de Lula no Congresso e no Judiciário.
- Governo Lula enfrenta queda nas pesquisas de aprovação, e Gleisi terá que lidar com pressões internas e externas, com foco na reeleição de Lula em 2026.
- Gleisi é colocada como um braço da militância petista, com postura à esquerda, em contraste com o viés mais liberal defendido por alguns membros do próprio governo.
- Apesar das críticas anteriores à gestão econômica de Haddad, Gleisi prometeu trabalhar em colaboração com ele, especialmente nas pautas econômicas.
- No discurso de posse, Gleisi afirmou que manterá uma relação “respeitosa e direta” com o Congresso, e se comprometeu a trabalhar com os ministérios para avançar nas pautas econômicas.
Responsável pela articulação política com o Congresso Nacional, Judiciário e municípios, Gleisi deverá lidar com pressões internas e externas, enquanto trabalhar para a reeleição de Lula, em 2026, e em busca de uma construção de uma marca.
Na Câmara dos Deputados, a nova ministra é considerada mais alinhada à militância petista e uma voz latente nas discussões de medidas mais à esquerda. De outro lado, ela agora terá que se adaptar a um governo que, nos bastidores, enfrenta divisões sobre o direcionamento econômico do país.
Na visão de alguns membros do próprio PT, há uma expectativa em torno da nomeação de Gleisi. Apesar das disputas internas, especialmente em relação ao Processo de Eleição Direta (PED) de 2025, muitos acreditam que a ministra terá capacidade de articulação política, uma vez que o trabalho dela foi crucial para a vitória de Lula nas eleições de 2022.
Aprovação de Lula despenca para 24%, a menor de todos os mandatos
Um dos pontos citados é a formação da frente ampla durante o pleito de 2022, como a aliança com Geraldo Alckmin, que deixou o PSDB depois de 33 anos para compor a chapa com Lula.
Já na base do governo no Congresso, a alçada de Gleisi à SRI parece ser menos focada em um estreitamento de diálogo com o Legislativo e algo mais voltado para 2026. Alguns parlamentares acreditam que Lula tem como estratégia fortalecer a relação com a base petista, que tem cobrado uma postura mais à esquerda do governo.
Inclusive, durante o discurso de posse, Gleisi, uma das principais críticas à gestão econômica do terceiro mandato de Lula, sinalizou positivamente ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
“Eu estarei aqui, ministro Fernando Haddad, para ajudar na consolidação das pautas econômicas deste governo, as pautas que você conduz e que estão colocando o Brasil na rota do emprego, crescimento e da renda”, disse Gleisi durante a cerimônia de posse.
Ainda dentro da base, um dos pontos levantados é de que o principal desafio de Gleisi será de mudança de postura, saindo de presidente nacional do PT, com um perfil mais combativo, para membro do governo, em busca de conciliação com o Congresso Nacional.
Já na ala mais ao centro, o perfil de Gleisi é amplamente criticado, com parlamentares indicando que a nova ministra possui dificuldades em dialogar com espectros políticos divergentes, o que poderia dificultar a vida do governo dentro do Legislativo.
Reforma ministerial
Gleisi Hoffmann assume a SRI no lugar de Alexandre Padilha, indicado para o Ministério da Saúde. A mudança no tabuleiro indica as primeiras substituições da reforma ministerial do governo Lula.
Há uma expectativa, tanto no centrão quanto na base do governo, de que o chefe do Palácio do Planalto realize novas mudanças no primeiro escalão e até dentro das lideranças do governo no Congresso, em especial na Câmara dos Deputados.
Alguns deputados da base governista preveem que Lula realize mudanças na liderança, com a saída de José Guimarães (PT-CE) da liderança do governo para algum nome mais ligado ao centro, como do líder do MDB na Casa Legislativa, o deputado Isnaldo Bulhões (AL).
