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‘Gurus espirituais’ presos por violência sexual agiam em regiões diferentes, mas usavam as mesmas táticas

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Gurus espirituais: Eles se apresentavam como homens sábios, protetores: terapeutas que buscavam o bem-estar e a elevação espiritual de seus pacientes. Mas, segundo a polícia, não passava de uma armadilha financeira e sexual. Pessoas emocionalmente vulneráveis eram o alvo.

Dez de março: o terapeuta André Lanzoni é preso em Campinas, São Paulo. Dezoito de março: o líder religioso Paulo Paumgartten é preso em Marudá, no Pará. André é alvo de 11 inquéritos por suspeita de crimes sexuais. Paulo é suspeito de violência sexual mediante fraude contra pelo menos quatro mulheres. André é dono da clínica “Semear.” Paulo criou a “Missão do Espírito Santo.”

Elas contaram como era a vida atrás dos muros, e preferiram não mostrar o rosto nem a voz. Ainda se culpam por terem acreditado nos terapeutas agora presos.

“Talvez a característica mais importante desse abusador seja conseguir identificar as pessoas que ele vai conseguir seduzir”, destaca Gilberto d’Elia, psiquiatra.

 

O passo seguinte é pedir para o paciente cortar as relações de confiança que tem fora da clínica.

Em Campinas, a “Casa Semear” se tornou um refúgio para quem tinha perdido as esperanças, mas quem frequentava a clínica era convencido de que o tratamento dependia dessa dedicação total e exclusiva.

Em Belém, as vítimas buscavam conforto espiritual durante encontros em uma casa de fachada discreta. Ao longo do tempo, o homem a quem elas chamavam de “pai Paulo’’ também impôs uma rotina de isolamento. Segundo as vítimas, Paulo marcava a evolução espiritual de cada uma pelo que ele chamava de “frequência.” Quanto mais alta a “frequência”, mais próxima a pessoa estaria de alcançar a suposta paz espiritual que ele dizia ter atingido.

“Ele me afastou do meu filho por um certo tempo, porque o meu filho era gay e ele achava que a ‘frequência’ do meu filho não era boa para as minhas filhas nem para mim”, conta uma vítima.

 

Em Campinas, o terapeuta André Lanzoni também dizia ter criado um método revolucionário.

“Na primeira consulta, ele disse que eu tinha um problema mesmo relacionado à sexualidade e que ele precisaria liberar os traumas. Segunda sessão ele pediu para deitar na maca que ele iria liberar os meus pontos de trauma, e ele começou tocando na minha cabeça, nos meus seios, na minha barriga. E aí quando chegou no meu órgão genital, ele disse que precisava abrir a calça porque através da roupa não seria possível fazer a liberação. Enquanto isso, ele estava, eu vi, abrindo as calças dele e se masturbando enquanto me tocava. Eu fiquei paralisada, não tive reação e tive medo”, conta uma vítima.

 

As pessoas que procuraram a polícia contaram ainda que o controle e a manipulação de suas vidas eram feitos também com chantagens financeiras. A prosperidade seria consequência de uma evolução espiritual oferecida nos cursos da clínica.

Os advogados de André Lanzoni disseram que estão se inteirando dos fatos e que tudo será esclarecido no momento processual oportuno. A Justiça bloqueou os bens de André.

Paulo Paumgartten também está preso preventivamente. Depois da prisão, outras dez mulheres procuraram a delegacia para denunciar que também teriam sido abusadas por Paulo.

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Takamoto
Takamoto
Fotojornalista, artista marcial, ex-militar, perito criminal.
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