O mercado financeiro reduziu a projeção de inflação para este ano, mas subiu as estimativas do índice para 2026 e 2028. A previsão referente a 2027 ficou inalterada neste semana.
Os dados fazem parte do relatório Focus, divulgado nesta segunda-feira (17/3) pelo Banco Central. As projeções são frutos da análise de mais de 100 especialistas do mercado financeiro, consultados semanalmente no levantamento do BC.
O que é o relatório Focus
- O Relatório de Mercado Focus resume as estatísticas calculadas considerando as expectativas de mercado financeiro coletadas até a sexta-feira imediatamente anterior à divulgação do documento.
- O Focus é tradicionalmente divulgado toda segunda-feira.
- O relatório traz a evolução gráfica e o comportamento semanal das projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio (dólar), taxa Selic, entre outros indicadores.
- As projeções são do mercado, não do Banco Central. A autoridade monetária só reúne os dados.
Inflação
O mercado financeiro diminuiu a expectativa de inflação de 2025. Para os analistas, a estimativa deste ano passou de 5,68%, na semana passada, para 5,66%, nesta semana. Embora tenha sido reduzida, a previsão segue bem acima do teto da meta inflacionária deste ano (entenda abaixo o sistema o novo sistema de metas), que é de 4,50%.
Com isso, as expectativas de inflação para este ano seguem desancoradas — isto é, distantes das projeções de inflação no chamado “horizonte relevante” e da meta inflacionária.
Ainda assim, os economistas aumentaram as projeções do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, para 2026 e 2028.
Confira como ficaram as expectativas do mercado:
- Em 2025, caiu de 5,68% para 5,66%.
- Em 2026, subiu de 4,40% para 4,48%.
- Em 2027, segue em 4%.
- Em 2028, passou de 3,75% para 3,78%.
Meta contínua
A partir deste ano, a meta de inflação do Brasil é contínua, e não mais por ano-calendário. Ou seja, o índice é apurado mês a mês. Se o IPCA acumulado em 12 meses ficar fora desse intervalo por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida.
Em 2025, a meta inflacionária é de 3%, com variação de 1,5 ponto percentual, com piso de 1,5% e teto de 4,5%. Ela será considerada cumprida se oscilar dentro desse intervalo de tolerância.
O próprio BC informou que a meta tem 50% de chance de ser descumprida em 2025. Em relatório de dezembro, a autoridade monetária avaliou que a probabilidade de a inflação estourar o teto da meta neste ano cresceu de 28% para 50%.
Além disso, na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada em janeiro, o Banco Central confirmou que se a inflação continuar persistindo é possível que a meta seja descumprida em junho.
PIB
O mercado financeiro revisou para baixo a projeção de crescimento da economia brasileira para este ano e para 2026. Para os economistas, a previsão de avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 2025 recuou de 2,01% para 1,99%.
Mesmo com a queda, a previsão do mercado para este ano segue próxima da projeção do BC, que prevê avanço de 2,1% do crescimento do país em 2025. A estimativa da Secretaria de Política Econômica (SPE) é de crescimento de 2,3% do PIB.
Em 2026, a estimativa teve uma queda de 0,10 ponto percentual em relação ao relatório Focus anterior. A projeção de crescimento da economia brasileira caiu de 1,70% para 1,60% no próximo ano.
As expectativas para o PIB de 2027 e 2028 seguem as mesmas da semana passada, ambas em 2%.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, estado ou cidade, geralmente em um ano. Uma alta significa que a economia está crescendo em um ritmo bom, e uma queda implica encolhimento da produção econômica da nação.
Taxa de juros
O mercado manteve inalterada (pela décima semana seguida) a projeção da taxa básica de juros, a Selic, para o fim deste ano. A estimativa dos economistas segue em 15% ao ano, como no relatório anterior.
As previsões dos demais anos também seguem as mesmas, confira abaixo:
- Para 2026, os analistas projetam uma Selic de 12,50% ao ano.
- Para 2027, a previsão da taxa de juros é de 10,50% ao ano.
- Para 2028, a estimativa continua em 10% ao ano.
Ou seja, o mercado não vê a taxa Selic abaixo de dois dígitos até o fim do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2026, e sequer do mandato de Gabriel Galípolo à frente do BC, que termina em 2028.
No momento, o Brasil tem taxa Selic de 13,25% ao ano. Essa foi a primeira elevação dos juros neste ano e a quarta seguida no ciclo de aperto monetário (aumento dos juros), que começou em setembro do ano passado.
Há ainda a expectativa de nova alta de pelo menos 1 ponto percentual na reunião desta semana do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada nesta terça-feira (18/3) e quarta-feira (19/3).
Caso aconteça, a taxa de juros chegará a 14,25% ao ano logo no início de 2025.

Outros indicadores
Dólar
A projeção da taxa de câmbio (o dólar) foi alterada apenas para 2025. A estimativa do mercado financeiro para o dólar deste ano passou de R$ 5,99 para R$ 5,98.
Veja as projeções para o dólar:
- 2025: o valor caiu de R$ 5,99 para R$ 5,98.
- 2026: a estimativa segue em R$ 6.
- 2027: a projeção continua em R$ 5,90.
- 2028: a previsão se mantém em R$ 5,90.
Balança comercial
O saldo da balança comercial (valores do total exportações menos as importações) passou de US$ 76,80 bilhões para US$ 76,70 bilhões de superávit em 2025, conforme projeção dos analistas financeiros.
Confira as estimativas para os próximos três anos:
- 2026: a projeção de superávit caiu de US$ 79,40 bilhões para US$ 79,20 bilhões.
- 2027: a previsão para o saldo positivo da balança comercial passou de US$ 80 bilhões para US$ 79,70 bilhões.
- 2028: a expectativa de superávit segue em US$ 80 bilhões.