Uma sucuri-verde (Eunectes murinus) de aproximadamente cinco metros de comprimento foi encontrada morta após ser atropelada na rodovia MT-338, em Porto dos Gaúchos, a 644 km de Cuiabá, Mato Grosso, nesta segunda-feira (6/1). A cobra estava grávida e, devido ao impacto, pariu cerca de 40 filhotes, que também não sobreviveram.
O caso foi registrado por Ederson Negri Antonioli, youtuber e pescador que passava pelo local. Ele filmou a cena chocante, mostrando a sucuri no meio da estrada, cercada pelos filhotes já sem vida. As imagens viralizaram nas redes sociais, gerando debates sobre a preservação da fauna e os riscos enfrentados por animais selvagens em áreas de rodovias.
Veja o vídeo:
Sucuris e o risco nas rodovias
De acordo com o professor de biologia Alessandro Santana Reis, atropelamentos de animais selvagens têm se tornado cada vez mais frequentes devido à ocupação desordenada das áreas urbanas e rurais. “Muitos animais, como viados e répteis, acabam invadindo rodovias em busca de alimento, abrigo ou até mesmo calor, e isso aumenta o risco de acidentes”, explica o professor.
No caso das sucuris, o risco é ainda maior. Esses répteis dependem de fontes externas de calor para regular a temperatura corporal, um comportamento conhecido como ectotermia. Por isso, é comum que procurem margens de rodovias asfaltadas, que acumulam calor ao longo do dia. Esse hábito, no entanto, os torna extremamente vulneráveis ao atropelamento.
A reprodução das sucuris
A sucuri-verde é a maior espécie de cobra do mundo em termos de peso e uma das maiores em comprimento. Esses animais pertencem ao grupo das vivíparas, ou seja, as fêmeas carregam os filhotes em seu ventre até que estejam completamente formados e prontos para nascer.
Segundo Santana, as sucuris podem gerar grandes ninhadas, frequentemente entre 30 e 40 filhotes, dependendo da idade reprodutiva e das condições ambientais. A gestação dura vários meses, e, durante esse período, a fêmea busca ambientes protegidos e fontes regulares de calor para favorecer o desenvolvimento dos embriões.
“No caso específico do atropelamento, a expulsão dos filhotes não é um mecanismo de defesa, mas uma consequência física. O impacto do veículo comprime o corpo da fêmea, causando uma espécie de parto forçado”, esclarece o professor.
O caso da sucuri em Porto dos Gaúchos serve como um alerta para a relação conflituosa entre humanos e a natureza. Conforme as cidades e áreas agrícolas se expandem, os habitats naturais das espécies selvagens são fragmentados, aumentando as interações perigosas com a atividade humana.