Além de fazer críticas ao governo Lula, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) pediu o retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao poder. Feito no Rio de Janeiro durante a manifestação neste domingo (16/3), o discurso sinaliza a vontade de concorrer à reeleição no Executivo paulista e diminui o incômodo do ex-mandatário sobre a corrida pelo posto de represente do bolsonarismo na disputa pela Presidência em 2026.
Bolsonaro está inelegível até 2030, por determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas insiste que será candidato à Presidência em 2026. Nesse sentido, parte da direita vê Tarcísio como sucessor natural, mas o governador tem dito a aliados que não deseja contrariar o ex-chefe. Além disso, ele não tem intenção de abandonar a gestão de São Paulo em março para esperar e descobrir se o martelo da candidatura do ex-presidente será batido.
“A gente precisa passar isso [os atos golpistas] a limpo para que a gente tenha pacificação. Para que a gente possa se dedicar aos temas nacionais. (…) Se está tudo caro, volta Bolsonaro. Nós vamos liberar essas pessoas, nós vamos libertar o país da esquerda que tanto maltrata o país“, afirmou Tarcísio de Freitas. A provocação ao governo Lula ocorre por causa da alta no preço dos alimentos.
A manifestação deste domingo foi convocada por Jair Bolsonaro sob pretexto de pedir a anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e na suposta trama de golpe de Estado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas o protesto também é uma tentativa de manifestação de força a nove dias do início do julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal.
No dia 25/3, a Corte começará a analisar oficialmente a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) e decidirá se o ex-presidente e outras 33 pessoas se tornarão réus ou não. Eles foram denunciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa armada.
Apesar da comunicação da direita argumentar que o pedido de anistia é feito para o benefício dos presos e processados por suposta participação na manifestação golpista, aliados de Bolsonaro entendem que a medida também poderia beneficiá-lo. O projeto que prevê a anistia está parado no Congresso e depende da vontade do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e dos líderes para ser pautado.