Chancelado por diversos outros filmes de guerra, Tempo de Guerra, da A24, estreia nos cinemas nesta quinta-feira (16/4). A produção é baseada em uma história real vivida em Ramadi, no Iraque, e tem como diretor e roteirista o veterano Ray Mendoza — que sobreviveu ao conflito retratado.
O longa narra os acontecimentos de 2006, quando um grupo de soldados da Marinha dos Estados Unidos invade uma casa estratégica para garantir a passagem segura de tropas no dia seguinte. No entanto, a operação é comprometida quando eles são descobertos por inimigos, dando início a uma série de ataques enquanto tentam resistir e sobreviver.
Além de Mendoza, Tempo de Guerra também conta com a direção de Alex Garland. A narrativa é inteiramente centrada no grupo de soldados, com pouquíssimas cenas externas, o que reforça a sensação de confinamento e tensão.
Essa escolha narrativa gera duas experiências distintas: a primeira metade pode soar arrastada, já que o foco está na comunicação entre as equipes e na meticulosa preparação para a missão. Por outro lado, esse ritmo mais lento serve como construção de suspense, preparando o terreno para a ação que domina a segunda metade do filme.
A imersão no ambiente permite que o espectador acompanhe de perto as estratégias e entenda a complexidade da comunicação, essencial para a sobrevivência dos personagens.
O filme é, de fato, dividido em duas partes bem distintas. A primeira acompanha o ritmo estratégico e a preparação da missão, enquanto a segunda se transforma completamente após o grupo ser atacado, mergulhando o espectador em cenas intensas de ação.
Um dos grandes destaques da produção é o trabalho de som. Tiros, granadas, aviões e tanques tomam conta da narrativa, criando uma atmosfera imersiva e tensa — o áudio funciona quase como a única trilha sonora, reforçando ainda mais a sensação de realismo.
Com o avanço do conflito, a missão dos soldados passa a ser garantir socorro aos feridos e, principalmente, lutar pela própria sobrevivência. Nesse momento, o filme aposta em uma abordagem mais humana: gritos, expressões de desespero e atuações marcantes deixam claro o sofrimento físico e psicológico dos personagens. A proposta da direção é evidenciar o medo e a vulnerabilidade desses homens, trazendo o público para dentro da experiência.
Diferente de muitos filmes de guerra, Tempo de Guerra não foca em cenas explícitas de mortes ou sangue. A produção aposta em uma fotografia pálida, com tons predominantemente beges e de pouca saturação, reforçando a aridez e a carga emocional do cenário. A câmera alterna entre planos abertos e closes expressivos, o que intensifica a imersão e aproxima o espectador da tensão vivida pelos personagens.
Outro acerto da direção foi manter a narrativa totalmente centrada no grupo de soldados, sem recorrer a cortes para flashbacks ou subtramas. Isso garante que toda a atenção permaneça no conflito, aumentando a sensação de ansiedade e apreensão conforme a trama avança.
Por fim, mesmo sem reinventar o gênero, o longa cumpre com competência sua proposta. Apesar de beber de referências clássicas, o filme é fiel ao que se propõe: retratar com realismo e intensidade a vivência de quem esteve em combate.