O ministro do Turismo, Celso Sabino, concedeu entrevista exclusiva ao Metrópoles nesta semana. O político apresentou o balanço do setor nos primeiros meses de 2025 e as expectativas para o impacto da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Organização das Nações Unidas (ONU), em Belém, no Pará, para a área.
Ao ser questionado sobre a avaliação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sabino pontuou que os bons resultados colhidos pelo petista, em especial na geração do emprego, dão um gás para a campanha de Lula em 2026.
Veja a entrevista completa:
Metrópoles: Como que foi o resultado, tanto nos resultados econômicos quanto no turismo estrangeiro que veio para cá? Falando ainda sobre eventos do turismo, a gente queria saber quais são as ações que o Ministério está prevendo para outras datas comemorativas, como a Páscoa e também as festas juninas.
Ministro: Olha, falar que nós viramos a chave no turismo brasileiro nos alegra muito. É ter parceiros como o Grupo Metrópoles, inclusive, que tem apoiado vários eventos em todo o país. Eventos esportivos, eventos culturais, eventos artísticos, inclusive aqui em Brasília, têm sempre levado o apoio do Grupo Metrópoles, e eu agradeço, porque o turismo é isso. É a somatória dos esforços da iniciativa privada, de grupos econômicos e de empreendedores que acordam todos os dias e apostam nessa atividade tão potente na distribuição de renda, na geração de riqueza, que é o turismo.
E nós, desde 2023, iniciamos um projeto para apoiar, através do Ministério do Turismo, os grandes eventos no país. E eu posso falar para você que a gente apoia desde o Parintins, no interior do Amazonas, até o Festuris em Santa Catarina ou o Festuris em Gramado, no Rio Grande do Sul, ou o Fenaostra em Santa Catarina, e eventos no estado do Amapá e eventos no estado do Acre, passando por todo o São João.
Já falando sobre os próximos eventos, o Ministério do Turismo iniciou esse trabalho. Tivemos forte no ano passado e vamos repetir forte nesse ano de 2025, que é o apoio a grandes eventos culturais, que envolvem o São João em todo o Nordeste brasileiro. Nós, no ano de 2024, superamos, como vocês sabem, todas as marcas e todos os indicadores disponíveis que medem a atividade econômica dessa indústria, desse setor do turismo.
O número de brasileiros viajando dentro do Brasil, o aumento do ticket médio dos brasileiros dentro do país, o número de estrangeiros vindo para o Brasil, o aumento de gastos de estrangeiros no país, o número de pessoas que viajaram de avião dentro do Brasil, em cabines de transatlânticos, nas rodovias federais ou com base em dados oficiais, por exemplo, da Polícia Federal, que é quem mede o número de estrangeiros que entram no país; da Receita Federal, que dá os gastos desses que entram no país; da Polícia Rodoviária Federal…
Movimentação nas estradas, da Confederação Nacional do Comércio, da Receita… Dessa atividade, nós podemos afirmar que, no ano de 2024, nós não apenas superamos todos os indicadores, mas também não apenas fomos melhor que no ano anterior, não apenas fomos melhor que no ano antes da pandemia, não apenas fomos melhores que nos últimos 20 anos, mas fomos o melhor da história do Brasil.
Todos esses números foram superados no ano de 2024. Isso é fruto de um amplo trabalho que envolve o governo dos estados, a parceria com as Secretarias de Turismo estaduais, os governos municipais… Inclusive, hoje [2/4] pela manhã, aqui no Ministério, nós tivemos uma reunião com os secretários de Turismo dos municípios do Brasil. A gente chamou de Marcha dos Secretários de Turismo das Cidades Brasileiras, e também da iniciativa privada e de grupos, como é o caso do Grupo Metrópoles.
No ano passado, nós tivemos o recorde de movimentação turística. Segundo os dados da Confederação Nacional do Comércio e de outras entidades, cerca de 51 milhões de foliões andaram pelo Brasil afora fazendo turismo. E, esse ano, foram mais de 53 [milhões]. Então, o número foi superior ao recorde do ano passado, e a gente vai seguir nesse caminho. O governo federal está investindo muito no setor do turismo dentro do PAC 3. Dos investimentos de R$ 1,7 trilhão, mais de R$ 350 bilhões são apenas em rodovias, ferrovias, portos, aeroportos.
Isso é diretamente ligado ao turismo. O Ministério do Turismo, em si, a gente está com mais de R$ 3 bilhões em obras de infraestrutura turística em todo o país. Todos os ministérios do governo do presidente Lula estão se esforçando sobremaneira para que essa atividade do turismo seja a nova matriz econômica do nosso país. E a perspectiva para o que vai acontecer daqui para frente é ainda melhor.
Apesar de todo o sucesso colhido no ano 2024, começamos 2025 já com grandes expectativas. A julgar pela medição que fizemos no mês de janeiro e fevereiro, só nesses dois meses nós tivemos a entrada de mais de 2,8 milhões de turistas estrangeiros. O número é 57% maior do que no mesmo período do ano passado.
Metrópoles: Ministro, o senhor falou sobre grandes eventos. E um desses exemplos é a questão de a Prefeitura do Rio trazer grandes shows de grandes artistas para a praia de Copacabana. Ano passado, a gente teve Madonna. Agora, no mês que vem, a gente vai ter a Lady Gaga. Como é que o senhor avalia essa estratégia de trazer esses grandes artistas para movimentar a economia local? Existe possibilidade de o governo federal entrar com uma iniciativa semelhante a essa para expandir esses shows para outras cidades?
Ministro: Grandes atrativos culturais e artísticos servem para provocar uma grande movimentação de pessoas. Você vê: o show da Madonna no Rio levou milhares de pessoas para a cidade e a ocupação dos hotéis em várias regiões do Rio, com ocupação plena, 100% dos leitos ocupados. A Lady Gaga, da mesma forma. O governo federal tem as suas prioridades no momento, que são combater a fome e eliminar de vez a fome no Brasil, assim como o presidente Lula já eliminou no passado.
Reduzir substancialmente a distância entre as classes sociais, eliminar a miséria e reduzir a pobreza no nosso país. E é claro que entendemos que o turismo e o desenvolvimento de atividades econômicas, como o turismo, podem nos ajudar também nessa missão. Pensando nisso, nós estamos investindo em vários eventos culturais e artísticos desde 2023, em todo o país.
No ano de 2024, por exemplo, nós apoiamos fortemente. Se eu não estou equivocado, fomos o maior apoiador do Festival de Parintins, do Fenaostra, em Santa Catarina, do São João de Campina Grande, na Paraíba, da virada do ano em Salvador, na Bahia, e de grandes eventos no estado do Amapá, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Mas não é na proporção de uma Madonna, de uma Lady Gaga.
Até porque a gente tem buscado prestigiar os artistas locais e das regiões e também os artistas nacionais, os artistas brasileiros que estão em ascensão e ajudam muito na movimentação dessas pessoas para fins turísticos.
E isso agora falando um pouquinho do final do ano. Em novembro a gente vai receber aqui a COP30 em Belém, da sua cidade, inclusive. A gente queria saber quais são os impactos que o Ministério do Turismo está prevendo para esse evento e como o governo vai apresentar Belém para o mundo.
Ou vai ser a COP de maior perspectiva da história, onde, sem dúvida nenhuma, os líderes globais terão pela primeira vez uma oportunidade de falar sobre mudanças climáticas e preservação do meio ambiente dentro de uma floresta tropical. E não é qualquer floresta tropical. É a maior floresta tropical do planeta. O bioma no mundo que reúne a maior quantidade de espécies de vegetais e espécies animais, que é a Amazônia.
Belém é considerada como a porta de entrada da Amazônia e os líderes globais querem conter mudanças climáticas. Querem ao invés de não apenas reduzir ou eliminar a devastação florestal, mas mitigar o que já foi feito, vão ter oportunidade de ver efetivamente que a Amazônia, as florestas tropicais ao redor do mundo, não são apenas copas de árvores que são vistas por satélite.
Por baixo dessas copas existem muitos lugares, populações que retiram daí seu sustento, que criam seus filhos e que vão ter agora a oportunidade de ser ouvidos e serem vistos neste que é o maior evento do mundo de preservação do meio ambiente. Então, os líderes vão ter essa oportunidade. Eu acho que vai ser a COP que mais vai ofertar condições de sair no contexto eficiente, com texto legítimo, com texto digno.
As populações que vivem nas florestas tropicais ao redor do mundo. E, por outro lado, nós vamos ter a oportunidade de mostrar esse ambiente da Amazônia, mostrar a forma como o governo brasileiro vem preservando a floresta e como unir sustentabilidade, preservação com desenvolvimento econômico. E nós aqui do turismo entendemos que a melhor forma de fazer isso é através da utilização sustentável do ecoturismo, por exemplo.
Vamos falar sobre isso. Ontem [1º/4], inclusive, estivemos com o embaixador [André Aranha Corrêa do] Lago, que é o presidente da COP30. Mais uma vez reiterando nosso pedido oficial, enquanto presidente da ONU Turismo, para que nessa COP30 nós tenhamos também um dia para falar sobre turismo sustentável, como já tivemos na COP29, no Azerbaijão.
Metrópoles: Mas só voltando para a COP. Como está a conversa com o governo estadual e também o municipal para a questão dos hotéis, a COP vai conseguir receber todo mundo? Como está essa preparação?
Ministro: Conversa excelente, harmonia total. E o governo federal está investindo mais de R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura na cidade de Belém e na região metropolitana, viária. Áreas de convivência, limpezas de canais, enfim, também estamos investindo muito através dos nossos bancos públicos e fundos públicos para apoiar a iniciativa privada, aumentar os leitos de hotéis. Nós estamos com vários hotéis em fase avançada de construção.
Estamos negociando com operadores de navios de transatlântico para aportar dois grandes navios que vão, sem dúvida nenhuma, ampliar consideravelmente a oferta de leitos e, com isso, dar uma equilibrada no preço dos leitos disponíveis para a COP. Essa é uma grande COP. Vai ser uma COP de sucesso. Está aí, vai estar cheia, assim como tiveram todas as outras cidades onde foram realizadas COP.
Metrópoles: Como é que seria esse dia dedicado ao turismo?
Ministro: Nós tivemos no Azerbaijão um dia promovido pela Organização Mundial do Turismo, a ONU Turismo, onde ali os líderes desses segmentos, especialmente os cases de maior sucesso na área do turismo sustentável, do turismo de aventura, do ecoturismo responsável e solidário, puderam durante esse dia apresentar alternativas de atividades econômicas que ajudam a desenvolver as regiões, garantir desenvolvimento para os povos regionais e, ao mesmo tempo, ter uma nova matriz financeira econômica.
Nós vamos fazer isso em Belém também.
Metrópoles: O Ministério do Turismo é uma das pastas que recebem bastante emendas parlamentares, que existe esse fluxo desse recurso e que, por isso, é cobiçada por diversos partidos. Como que… se houver essa pressão sobre o seu cargo e se o senhor acredita que vai poder dar continuidade ao seu trabalho aqui à frente do ministério.
Ministro: Eu fico feliz, porque antes não era assim, antes era um ministério que não recebia emendas. Era o ministério que era, tinha pouca visibilidade. E hoje a gente está vendo aí um grande número de parlamentares, deputados e senadores investindo recursos de emendas parlamentares no Ministério do Turismo para desenvolver turismo nas suas regiões. E a gente vê os excelentes números que a gente tem apresentado, e a gente vê, sobretudo, o interesse de outras pessoas, do meio político nessa parte que antes não se tinha.
Então, eu fico muito feliz. Nós estamos aqui dando essa entrevista, mas está sendo entrevista, pesquisas na televisão. Recentemente saiu uma pesquisa, inclusive apontando…não sei se vocês viram uma pesquisa, que eu acho que ontem, apontando ali, que é uma área do governo de melhor avaliação, dentre todas as outras. Então, a gente fica feliz, com certeza, muito mais do que se estivéssemos trabalhando no lugar parado, muito pacato, onde nada era produzido, onde não tinha tanta eficiência.
Então, é isso aí, vamos continuar o nosso trabalho. Sou deputado federal eleito pelo estado do Pará e vou continuar o nosso trabalho aqui no Ministério do Turismo. Enquanto esse tripé me sustentar aqui: Deus, Lula e a minha bancada partidária na Câmara Federal.
Metrópoles: Outro ponto que está ganhando bastante repercussão é a Federação Partidária do União Brasil junto ao PP. O senhor, como membro da União Brasil, como o senhor avalia essa aliança entre os dois partidos.
Ministro: Acho que vai ser muito ruim para quem ficar de fora. A todos que tiverem essa federação dentro da sua base, nos seus estados, nas suas regiões, vai ser, sem dúvida nenhuma, a maior força política do país. Vai reunir grande liderança de norte a sul do país, vai ganhar muito espaço e a tendência é, desde 1990, quando nós tínhamos ali seis, sete partidos de grande força no Brasil e a lei afrouxou e foram criados cerca de 32 partidos.
O legislador percebeu que não dava pra ficar daquele jeito e começou a impor dificuldades e barreiras para o surgimento de novos partidos e para a manutenção de novos partidos, com cláusula de barreiras que vêm aumentando o seu rigor. Eleição após eleição, os partidos vêm agora diminuindo. Vários partidos que vocês conhecem, se lembram nas últimas eleições, deixaram de existir porque perderam o Fundo partidário.
Fundo Eleitoral tem, por exemplo, de não terem cumprido as cláusulas de barreira. A tendência é que, nessa próxima eleição de 2026, se reduza mais ainda e, na de 2030, nós voltemos aos patamares do início da década de 90, com poucos partidos no país. Então, os que existem hoje, o caminho vai ser federações e fusões, para que a gente tenha poucas agremiações partidárias que realmente represente os ideais políticos.
São vivos no seio da nossa sociedade.
Metrópoles: Ministro, ainda sobre o União na sexta feira, agora o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, vai lançar a pré candidatura dele à Presidência da República das eleições do ano que vem. O senhor, por outro lado, defende a reeleição do presidente Lula. Como o senhor vê essa divergência dentro do partido, dá para resolver?
Ministro: Totalmente natural, como existem com todos os outros partidos, o PSD, por exemplo. Aí já foi lançado a pré-candidatura do governador do Paraná pelo membro do partido e do mesmo lado, tem vários companheiros do PSD, inclusive o líder Antônio Britto na Câmara é um partidário, é um admirador do presidente Lula, parceiro do nosso governo. Eu vejo isso como absolutamente natural.
Respeito à vontade individual, pessoal de cada membro do União Brasil e de qualquer partido. Nós vemos uma democracia, mas o que eu vejo faticamente é que a ampla maioria do nosso partido defende caminhar junto com o presidente Lula na sua reeleição e, assim como eu, há pessoas que defendem que, inclusive a União não só faça parte da chapa, mas, se possível, indique até o vice presidente da chapa.
Metrópoles: Já tem um nome para ser?
Ministro: Nós temos vários quadros dentro do partido que reúnem muito todas as condições de ocupar esse posto tão importante na República Federativa do Brasil. De norte a sul, nós temos pessoas com capacidade técnica que podem representar o nosso partido e que, sobretudo, podem ajudar o presidente Lula, no seu segundo mandato, a fazer um mandato ainda melhor para o povo brasileiro.
Metrópoles: Nessa quarta-feira foi divulgada mais uma pesquisa sobre a avaliação do governo Lula, que teve uma piora em comparação com a pesquisa anterior. Na sua avaliação, o que demonstra essa pesquisa e o que o governo pode fazer para melhorar o resultado daqui para frente?
Ministro: O governo está trabalhando muito para melhorar a vida do povo brasileiro. Nós, aqui do Turismo, por exemplo, temos números excepcionais e se eventualmente há uma crise em algum setor ou outro, não é no turismo. Isso pode ser atestado pela frequência e pela movimentações dos nossos aeroportos, pela frequência e pela movimentação das nossas rodoviárias em todo o país. O brasileiro, segundo os dados oficiais, está viajando mais pelo Brasil e está gastando mais pelo Brasil.
Então, ele tem recurso, está com dinheiro no bolso. Nós ostentamos números de taxas de desemprego excepcionais, a última que saiu do IBGE é 6,2% de desemprego. A gente está vendo as coisas acontecerem. O Brasil, o brasileiro passando a amar mais o seu país, a ter cada vez mais orgulho do Brasil. Eu não tenho dúvida de que, quando chegar a hora da gente fazer campanha, quando chegar o momento político partidário, nós vamos entrar de corpo e alma e cabeça adentro.
Aí na eleição. E esse momento não é agora. O momento agora é de trabalhar para que cheguemos à eleição. E, como disse ontem numa entrevista, tenho toda a convicção de que nesse momento o presidente Lula vai chegar com tudo e vai chegar com toda força e vai chegar imbatível, inclusive eu. Inclusive, eu não temo em me arriscar em dizer que nós vamos ganhar essa eleição em 2026 no primeiro turno.
