O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse neste domingo de Páscoa (20/4) que o exército russo violou o cessar-fogo de Vladimir Putin mais de 2 mil vezes. O presidente da Rússia tinha anunciado que ia suspender todas as operações das 18h de sábado (18/4) até a 0h da próxima segunda-feira (21/4).
“Ordeno que, durante este período, que todas as operações militares sejam suspensas. Partimos do princípio de que o lado ucraniano seguirá o nosso exemplo. No entanto, as nossas tropas devem estar preparadas para repelir possíveis violações do cessar-fogo e provocações por parte do inimigo, quaisquer ações agressivas suas”, disse Putin no sábado.
No entanto, neste domingo, Zelensky publicou nas redes sociais que um relatório indica que houve 67 ataques russos contra as posições ucranianas, com o maior número na direção de Pokrovsk. Houve um total de 1.355 bombardeios russos, 713 dos quais envolveram armamento pesado e os russos também usaram aeronaves de ataque aéreo (FPV) 673 vezes, relatou ele.
“Na prática, em todas as principais direções da linha de frente, a Rússia não cumpriu sua própria promessa de cessar-fogo. E quase um dia inteiro não foi suficiente para a Rússia responder à nossa proposta ucraniana de um cessar-fogo total – começando agora, a partir da Páscoa, e com duração de 30 dias”, escreveu Zelensky.
A Ucrânia propõe cessar quaisquer ataques com drones e mísseis de longo alcance contra infraestruturas civis por um período de pelo menos 30 dias, com possibilidade de prorrogação. “Se a Rússia não concordar com tal medida, será uma prova de que pretende continuar a praticar apenas ações que destroem vidas humanas e prolongam a guerra”, completou o ucraniano.
O que está acontecendo
- Desde que assumiu seu segundo mandato, em janeiro de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, se colocou como o principal mediador do cessar-fogo temporário de 30 dias entre Rússia e Ucrânia.
- O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, aceitou intregralmente a proposta de cessar-fogo.
- Já o presidente russo, Vladimir Putin, aceitou um cessar-fogo parcial em ataques contra infraestruturas energéticas e no Mar Negro
Cessar-fogo definitivo
Desde que assumiu o cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se colocou como principal responsável por findar a guerra entre Ucrânia e Rússia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022. O conflito já deixou 12,3 mil civis mortos nos dois países. O líder norte-americano elaborou um plano de cessar-fogo imediato por 30 dias, já aceito pelos ucranianos.
Após a Ucrânia ter aceitado integralmente a proposta, o Kremlin se comprometeu, inicialmente, a cessar os combates no Mar Negro. Não se sabe quando o acordo entrará em vigor.
O presidente russo, em conversas com Trump, destacou que só cumpriria o acordo depois que as múltiplas restrições sobre suas exportações agrícolas, impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, fossem removidas.
No entanto, já de cara, os países interpretaram o cessar dos combates no Mar Negro de forma distinta. A Rússia o enxergou como uma forma de reviver um acordo apoiado pela ONU de 2022, dando a ela algum controle sobre o transporte comercial pelo mar.
Já a Ucrânia insistiu que não permitiria que a marinha russa retornasse ao oeste do Mar Negro, usado pelo país como principal rota de exportação marítima.
Apenas um dia após o acordo ser firmado, ambos os lados trocaram acusações de violações da trégua. A Ucrânia relatou um ataque à cidade portuária de Mykolaiv, e Moscou disse que abateu dois drones ucranianos sobre o Mar Negro.
