Sergio Moro “conseguiu levar o debate no Senado para o campo dialético, e a discussão acabou sendo sobre quem é contra ou a favor da Lava Jato, quem quer soltar bandido, o que favorece muito a sua posição.
Ficou claro que o interesse do PT é apenas soltar o ex-presidente Lula, e com isso perde-se a capacidade de contestar o ministro Sergio Moro. Apesar dos apelos dos partidos de oposição, os petistas não conseguiram discutir o tema de maneira genérica, colocando sempre em questão as condenações de Lula”.
A soltura de Lula estava programada para a semana que vem, no STF. O desempenho de Sergio Moro no Senado deve ter atrapalhado os planos.
A avaliação dos lulistas, “é que a audiência de Moro na CCJ apenas serviu de palanque à tese do ministro da Justiça.
O grupo reconhece que a bancada que apoia Moro e a Lava Jato tem, hoje, força suficiente para blindar o ex-juiz.
O longo depoimento desta quarta-feira, dizem, foi um importante indicativo de que qualquer empreitada contra o ministro pode ser frustrada.”
Ficou nítida a intenção de ‘vingar’ Lula. Para o militante, provas não têm importância, daí esta politização do caso das supostas mensagens.”
Como é natural na democracia, e logo numa das Casas do Congresso, o ministro teve de ouvir críticas pesadas, principalmente de petistas, como os senadores Paulo Rocha, Humberto Costa e Rogério Carvalho, dos quais se recusou a responder a uma ou outra pergunta, por estarem fora do devido tom.
O depoimento do ministro Sergio Moro não foi um extenso declaratório.
O ex-juiz também apresentou estatísticas para afastar a ideia de conluio com procuradores. Das 45 ações nas quais deu sentenças, o MP recorreu em 44. A oposição corre o risco de ficar falando só para convertidos.”
Até os lulistas reconhecem que o escândalo das mensagens roubadas à Lava Jato encolheu.
Depois da sabatina de Sergio Moro no Senado, parlamentares de oposição disseram à Folha de S. Paulo que “não há elementos suficientes para bancar um pedido de CPI contra ele”.
“Moro repetiu com gosto o título de um artigo de um professor de Harvard que dizia: ‘O escândalo que encolheu’.
A não ser que apareçam coisas verdadeiramente graves, o escândalo, como apresentado pelo site Intercept e pela oposição, está realmente esvaziado”.
Em Guaratinguetá, Jair Bolsonaro disse que Sergio Moro é “um patrimônio nacional” e que não viu “nada de anormal até agora” no conteúdo das mensagens vazadas do ministro.
Em sua audiência na CCJ do Senado, Moro afirmou que não tem apego ao cargo e que, se for constatada alguma irregularidade, poderá deixar o posto.
Questionado sobre a fala, o presidente respondeu, segundo a Folha: “Eu também não tenho apego ao meu cargo. Qualquer ministro é livre para fazer o que bem entender. O Sergio Moro é um patrimônio nacional, não é do presidente da República”.
Sergio Moro disse o seguinte sobre o site de Glenn Greenwald:
“Fiquei com a impressão [de] que eles queriam uma busca e apreensão para posar como mártires da imprensa frente ao malvado governo do presidente Jair Bolsonaro e do ministro Sergio Moro”.
E acrescentou que a anulação das prisões e condenações da Lava Jato é o “sonho de consumo” de envolvidos na operação.
Randolfe Rodrigues criticou o fato de Sergio Moro ter aceitado virar ministro no governo Bolsonaro.
Em resposta, Sergio Moro reafirmou que foi para o Ministério da Justiça para continuar a sua luta contra a corrupção, porque “como juiz, meu trabalho esteve constantemente ameaçado por viradas de mesa”.
“Quem é o culpado? O policial que descobre o fato, o juiz que julga o processo ou aqueles que receberam e pagaram propina neste esquema de corrupção?”
O senador petista Paulo Rocha ainda relembrou que o atual ministro da Justiça participou do julgamento sobre seu envolvimento no mensalão.
“Quanto à ação penal 470 [a do mensalão], eu atuei apenas como um auxiliar dentro do STF. Quem profere a decisão é o STF. Eu nem me recordo se o senhor foi absolvido ou condenado. Foi absolvido? Então eu não sei do que o senhor está falando. O senhor foi absolvido. Havia um conluio para condená-lo e o senhor foi absolvido?”, perguntou Moro.
Moro disse que suspeitas chegavam todo dia a ele como juiz e que seu papel era encaminhá-las ao Ministério Público ou à polícia para investigação.
“Quando se recebe uma notícia-crime, se remete ou ao MP ou à polícia. Não se remete notícia-crime para o advogado de defesa, até porque é fato que vai ser investigado. Essa pergunta contém lá uma indução de que aquilo seria dica. Não é dica nenhuma, é o repasse de uma notícia-crime”, afirmou.
Renan Calheiros, notório defensor de Lula, foi obrigado a baixar a bola diante de Moro
Apesar das inúmeras tentativas de apertar Sergio Moro, Renan Calheiros não conseguiu nada além de respostas que demonstram a atuação normal de um juiz.
O senador quis saber se ele havia homologado delações antes da lei de 2013 que a regulamentou. Moro respondeu que sim, com base em outras leis que previam a colaboração.
Calheiros perguntou se ele mantém o apoio às 10 medidas contra a corrupção. O ministro disse que na época que foram apresentadas, tinha algumas divergências.
Questionado sobre uma suposta central de grampos de Rodrigo Janot, Moro disse que não tinha contato com o ex-procurador-geral nem atuou em delações negociadas por Marcello Miller.
Finalmente, sobre Luiz Fux, Moro disse tratar-se de “um grande ministro, assim como vários outros.”
Fim.