A esposa do ex-presidente do Peru Ollanta Humala, Nadine Heredia, solicitou asilo diplomático ao Brasil nesta terça-feira (15/4). Ao Metrópoles, o Itamaraty confirmou que ela está abrigada na embaixada do país em Lima.
O pedido de asilo foi feito com base na Convenção sobre Asilo Diplomático de 1954, tratado assinado tanto pelo Brasil quanto pelo Peru. Segundo o governo peruano, os dois países mantêm contato para tratar da situação. “Ambos os governos estão em comunicação constante sobre esta situação”, declarou o ministério peruano em nota.
Comunicado Oficial N° 016-25
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— Cancillería Perú
(@CancilleriaPeru) April 15, 2025
O pedido de asilo ocorreu no mesmo dia em que a Justiça peruana condenou Nadine Heredia e seu marido, Ollanta Humala, a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. A decisão foi tomada após mais de três anos de audiências.
O casal foi considerado culpado por receber, de forma ilegal, recursos da construtora brasileira Odebrecht e do governo da Venezuela para financiar as campanhas presidenciais de Humala em 2006 e 2011.
De acordo com o Ministério Público, a Odebrecht repassou cerca de US$ 3 milhões à campanha de 2011, que levou Humala à presidência. Heredia também foi denunciada por envolvimento direto no esquema, na condição de cofundadora do Partido Nacionalista Peruano, legenda pela qual o ex-presidente se elegeu.
Humala, que governou o país entre 2011 e 2016, é o segundo ex-presidente peruano a ser condenado por envolvimento no escândalo de corrupção da empreiteira brasileira. A defesa do ex-presidente anunciou que irá recorrer da sentença.
A empresa Odebrecht admitiu, em 2016, ter feito pagamentos ilegais em diversos países da América Latina, incluindo o Peru. O escândalo envolveu ao menos quatro ex-presidentes peruanos. Além de Humala, também são citados:
- Alan García (2006–2011), que cometeu suicídio em 2019, quando a polícia tentava prendê-lo;
- Pedro Pablo Kuczynski (2016–2018), que responde em liberdade por acusações semelhantes;
- Alejandro Toledo (2001–2006), condenado em 2024 a mais de 20 anos de prisão por corrupção.