A cidade italiana de Assis, tradicional destino de peregrinação por sua ligação com São Francisco e Santa Clara, tem ganhado novos visitantes por outro motivo. Fiéis do mundo todo têm se reunido para visitar o túmulo de Carlo Acutis, jovem italiano, falecido em 2006, que será canonizado no próximo dia 27 de abril no Vaticano. Ele será o primeiro santo nascido no século XXI.
A presença constante de visitantes tem movimentado Assis. A diocese estima que cerca de um milhão de pessoas passaram pela cidade em 2024, e mais de 400 mil já a visitaram apenas nos primeiros meses deste ano. No comércio local, a imagem de Carlo está presente em diversos produtos, desde terços até camisetas.
Apesar do risco de uma comercialização excessiva, a mãe de Carlo acredita que a busca por lembranças é compreensível. “As pessoas precisam de algo concreto”, afirma. O bispo de Assis, monsenhor Domenico Sorrentino, vê no jovem uma ponte entre a tradição franciscana e uma espiritualidade atual. Para ele, Carlo conseguiu traduzir os ensinamentos de São Francisco de forma moderna e acessível.
Carlo morreu aos 15 anos, vítima de uma leucemia fulminante. Desde 2022, seu corpo embalsamado está exposto no Santuário da Despojamento, em Assis. No local, é possível ver o adolescente vestido com roupas comuns — jeans, tênis, jaqueta e um terço nas mãos. Muitos se emocionam diante do túmulo, tocam o vidro ou deixam pedidos de oração.
Nascido em Londres em 1991, Carlo cresceu em Milão, numa família italiana de alto padrão econômico e pouca prática religiosa. Ainda pequeno, demonstrava grande fé, frequentando missas diariamente e praticando ações solidárias. Segundo a mãe, Antonia Salzano Acutis, ele se mostrava generoso desde cedo, doando brinquedos e ajudando pessoas em situação de rua.
Além da espiritualidade, Carlo também se destacava por sua habilidade com tecnologia. Ficou conhecido por criar uma exposição digital sobre milagres eucarísticos, o que lhe rendeu os apelidos de “ciberapóstolo” e “Geek de Deus”.
O processo de canonização de Carlo avançou após o reconhecimento oficial de dois milagres atribuídos à sua intercessão: a cura de um menino brasileiro com uma rara malformação no pâncreas e a recuperação de uma estudante costa-riquenha após um grave acidente. Ambos eventos atenderam aos critérios exigidos pela Igreja Católica para a canonização.