Durante discurso no Conselho de Segurança das Nações Unidas, nesta quarta-feira (28/5), o embaixador da Palestina, Riyad Mansourem, foi às lágrimas ao falar sobre a morte de crianças na Faixa de Gaza por conta da fome. “São crianças. Crianças… Crianças!”, repetiu ele. “Dezenas de crianças estão morrendo de fome. Há imagens de mães abraçando os corpos dos filhos, acariciando os cabelos deles e pedindo desculpas”, completou.
Ao se emocionar, o embaixador bateu na mesa e disse: “É um horror que a mente não compreende, que o coração não suporta”.
Veja o momento:
De acordo com o embaixador, mais de 1,3 mil crianças palestinas foram mortas e cerca de 4 mil ficaram feridas desde que Israel retomou a ofensiva militar em Gaza, após o fim do cessar-fogo com o Hamas.
No discurso desta quarta, ele lembrou dos próprio netos. “Sei o que elas [crianças] significam para suas famílias”, disse. “Ver isso acontecer com os palestinos, e ninguém fazer nada, é insuportável.”
Mais de 54 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, que completou 600 dias nesta quarta.
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Ajuda humanitária
Após um período de três meses de bloqueio total de ajuda humanitária imposto por Israel, a ONU só conseguiu retomar o envio de caminhões carregados com farinha, alimentos para bebês e materiais médicos à Faixa de Gaza, na última semana.
De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês), em entrevista ao Metrópoles, as taxas de desnutrição no território palestino haviam aumentado, significativamente, durante o bloqueio israelense e “podem crescer exponencialmente se a escassez de alimento continuar”.
“Uma pequena quantidade de suprimentos conseguiu chegar a armazéns e padarias na Faixa de Gaza. Os itens que entraram em Gaza incluem fórmulas infantis, farinha, medicamentos e suprimentos nutricionais. Outros itens críticos, como produtos de higiene ou combustível, não foram autorizados pelas autoridades israelenses”, conta a UNRWA.
Com a escassez de suprimentos, a chegada dos primeiros caminhões de ajuda humanitária no território foi marcada por tumulto. Os palestinos, famintos, chegaram a invadir os locais onde os pacotes de comida estavam sendo distribuídos. Cerca de 40 pessoas ficam feridas.
Até o momento, quatro postos de ajuda foram estabelecidos no território palestino: dois deles são na área de Rafah e começaram suas operações nessa terça-feira (27/5).