A China anunciou nesta quinta-feira (10/4) a imposição imediata de restrições à entrada de filmes de Hollywood no país. A decisão foi tomada em resposta ao aumento das tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, que agora chegam a 125%.
A Administração Nacional de Cinema da China, responsável por autorizar anualmente um número limitado de produções norte-americanas, afirmou que o aumento das tarifas determinado por Donald Trump agravará ainda mais a queda na demanda por filmes dos Estados Unidos no mercado chinês.
“Vamos seguir as regras do mercado, respeitar as preferências do público e reduzir a quantidade de filmes norte-americanos que entram no país”, informou a agência em comunicado publicado em seu site oficial.
Segundo Chris Fenton, autor de um livro sobre a resistência chinesa à influência cultural dos EUA, a proibição de filmes norte-americanos não causará “praticamente nenhum prejuízo para a China”.
Ele explicou que os filmes de Hollywood representam apenas 5% da receita total do mercado cinematográfico chinês, e que esse valor ainda sofre descontos antes de ser repassado aos estúdios nos EUA.
De acordo com Fenton, os estúdios norte-americanos recebem apenas 25% da bilheteria gerada na China, enquanto em outros mercados esse percentual costuma ser o dobro. “Essa retaliação amplamente divulgada contra Hollywood é uma forma de Pequim mostrar sua força, e certamente chamará a atenção de Washington”, avaliou.
Desde 1994, a China autoriza a entrada de 10 filmes norte-americanos por ano dentro de um modelo internacional de divisão de receitas.
“Titanic”
Produções como “Titanic” e “Avatar” foram grandes sucessos na China, segundo maior mercado de cinema do mundo. No entanto, o crescimento da indústria cinematográfica local e o fortalecimento da cultura nacional têm diminuído o interesse do público chinês por filmes de Hollywood, que vêm perdendo espaço para as produções “Made in China”.
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