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Jovens ignoram os dados e viram massa de manobra da esquerda

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Ao mesmo tempo em que se tornam mais progressistas, os jovens estão mais entusiasmados com as eleições e deverão aumentar a participação política, o que poderá ser decisivo para o cenário político.

Para o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a atração desta geração pelo socialismo acontece porque são “jovens” e “idealistas”.  “Bem, acho, em primeiro lugar, que eles são jovens, idealistas. Se os chamamos de idealistas, acredito que o capitalismo é mais um ideal”, afirmou Trump respondendo a uma pergunta da apresentadora da Fox News, Laura Ingraham, sobre por que americanos mais jovens parecem estar gravitando em direção a políticas progressistas. Mesmo assim, para Trump, os EUA nunca se tornará uma nação socialista.

“Nem a crise atual na Venezuela nem os regimes totalitários do século XX parecem capazes de apagar a visão romântica que aproxima os jovens da esquerda| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil”

 

“Quase trinta anos após a queda da União Soviética, após a abertura da China e, mais recentemente, o agravamento da crise na Venezuela, a esquerda ainda levanta bandeiras como maior controle governamental, prevalência do Estado sobre o mercado e outras medidas que causaram a ruína de países socialistas no último século. E os jovens ainda são atraídos por ideologias de esquerda – não importa o quão falhas elas tenham se mostrado ao longo da história.

Realidade nacional

No Brasil, os últimos anos mostraram crescimento da parcela que se posiciona com ideologias da esquerda. Pesquisa do Datafolha divulgada em 2017 apontava que 41% da população se identificava com posicionamentos de esquerda.

A identificação com a esquerda também pode estar relacionada ao comportamento, e não à economia, indica a mesma pesquisa: entre 2013 e 2017 houve aumento na parcela de pessoas que acreditam que “boa parte da pobreza está ligada à falta de oportunidades iguais para que todos possam subir na vida”, enquanto a avaliação de que a “homossexualidade deve ser aceita por toda a sociedade” passou de 64% para 74% no período, opiniões identificadas com ideologias de esquerda.

Por outro lado, o percentual daqueles que se identificam como “esquerda” é muito maior entre professores de História. Uma dupla de pesquisadores realizou um levantamento com 288 professores de História de países do Mercosul – Brasil, Argentina Uruguai e Paraguai – mais o Chile. Uma das perguntas do questionário foi em qual partido os docentes costumam votar nas eleições. Ao todo, 84,5% dos professores brasileiros disseram preferir siglas de esquerda ou centro-esquerda. Já centro, centro-direita e direita, somados, corresponderam a 15,5% dos entrevistados.

Capacidade crítica

Para Tom Switzer, diretor executivo do Center for Independent Studies em Sidney (Austrália), uma das causas principais para a atração dos jovens pela esquerda é o desconhecimento.

“Parte do problema é simplesmente ignorância. Apenas 26% dos millennials estão familiarizados com Vladimir Lenin e 34% com Joseph Stalin. Apenas 21% dos entrevistados disseram que sabiam quem era Mao. Não importa que esses homens tenham sido responsáveis pela morte de dezenas de milhões e pelo empobrecimento de centenas de milhões”, diz Switzer.

“Eles deveriam pelo menos saber sobre a Venezuela, onde o regime socialista nas últimas duas décadas levou à repressão, uma economia em queda livre, doença generalizada e fome e emigração em massa”, completa.

“Os experimentos fracassados do século XX com o socialismo servem como uma grande lição que, apesar de suas promessas idealistas de igualdade, a ideologia levou a nada além de opressão e pobreza.

A opinião é compartilhada por Jean-Marie Lambert, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de Liège e professor emérito da PUC-Goiás. Para Lambert, o sistema universitário está formando gerações incapazes de compreender o que é socialismo e com ausência de capacidade crítica.

“Em uma universidade você precisa repetir comandos para ser aceito: minorias, feminismo, misoginia… Em geral, não há capacidade de recuo crítico, tampouco de análise filosófica.  Então fica fácil manobrá-los para votarem em candidatos de esquerda”, diz.

“Estamos vivendo, desde então, uma ‘colonização educacional’. Esses quadros ideológicos, os chamados progressistas, nascem basicamente no sistema universitário americano, para propagação periférica. São gerações que são formadas nessa ideologia progressista e hoje estamos colhendo os frutos dessa política educacional”, crítica o professor.

Contradições

Por outro lado, um levantamento da Gallup, empresa de pesquisa de opinião nos Estados Unidos, mostra que os jovens têm visões que na prática contradizem a crença no socialismo. Segundo a pesquisa, 90% dos jovens entre 18 e 29 anos tem uma visão positiva dos empreendedores, e 98% veem positivamente as pequenas empresas.

“Jovens de vinte e poucos anos não querem que o governo administre pizzarias, mas querem mais controle governamental sobre alguns setores da economia”, escreveu recentemente Edward L. Glaeser, professor de economia na Universidade de Harvard.

Segundo ele, para evitar que os jovens caiam no socialismo de fato, é necessário fortalecer o empreendedorismo e melhorar as oportunidades de ascensão social dos jovens: “Por mais imperfeito que seja o livre mercado, o histórico moral e econômico das economias dominadas pelo Estado é muito pior”.

 

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Takamoto
Takamoto
Fotojornalista, artista marcial, ex-militar, perito criminal.
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