Moro: “Não vou pedir desculpas por ter cumprido o meu dever”
Moro: “O viés político-partidário na divulgação dessas mensagens passa pela soltura de Lula”
“Me parece muito claro que existe um viés político-partidário na divulgação dessas mensagens, e na utilização dela. Uma passa pela soltura de um condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, que é o ex-presidente Lula, é uma pena. Ele foi condenado em mais de uma instância e por mais de um juiz de primeira instância. Sempre disse com muita clareza que para mim é muito triste ter proferido essa decisão. Isso me trouxe um grande peso, pessoal. Constantemente sou atacado por ter apenas cumprido o meu dever. Era o que a lei determinava e era o que as provas ali revelavam.”
Gilmar e os canibais
“Gilmar anunciou que será retomado no próximo dia 25, na imparcialíssima Segunda Turma do STF, o julgamento do HC da defesa de Lula que pede a suspeição de Sergio Moro no caso do triplex. O momento deve ter sido coincidência. Pelo jeito, o voto de Gilmar já está pronunciado e só falta agora ouvir os seus longos e gritados argumentos.
Moro não vai se demitir
“Não, eu me afastaria se houvesse uma situação que levasse à conclusão de que tenha havido um comportamento impróprio da minha parte. Acho que é o contrário. Agora estou em uma outra situação, estou como ministro da Justiça, não mais como juiz, mas tudo o que eu fiz naquele período foi resultado de um trabalho difícil. E nós sempre agimos ali estritamente conforme a lei. Qualquer situação, despido o sensacionalismo, está dentro da legalidade. Conversar com procuradores, conversar com advogados, isso é absolutamente normal.
Moro ainda mais forte!
Tem duas reportagens sobre as mensagens roubadas à Lava Jato e uma sobre seu propagador, Glenn Greenwald.
Ao contrário da Veja, que vê o desmoronamento de Sergio Moro, tudo que foi publicado até agora, o barulho dificilmente irá além dos tambores dos conhecidos inimigos.
E, curiosamente, Moro parece estar saindo até mais fortalecido entre os que já o apoiavam. Para esses, as mensagens só realçaram seu papel de xerife contra a corrupção.
“Esse veículo não tem nenhuma transparência”, diz Moro sobre Intercept
“Por que não apresenta desde logo tudo? Se tem irregularidades mesmo, tão graves, apresenta tudo para uma autoridade independente que vai verificar a integridade do material. Aí, sim, se a ideia é contribuir para fazer Justiça, então vamos agir dessa forma. E não com esses mecanismos espúrios”, disse Moro sobre a divulgação das mensagens pelo site The Intercept.
O ministro disse ainda não temer novas publicações. “Sempre pautei o meu trabalho pela legalidade. Os meus diálogos e as minhas conversas com os procuradores, com advogados, com policiais sempre caminharam no âmbito da licitude. Não tem nada ali, fora sensacionalismo barato.”
“Essa interlocução é muito comum. Sei que tem outros países que têm práticas mais restritas, mas a tradição jurídica brasileira não impede o contato pessoal e essas conversas entre juízes, advogados, delegados e procuradores.”
A notícia-crime de Moro
Sergio Moro, em entrevista ao Estadão, explicou por que encaminhou a Deltan Dallagnol o nome de uma testemunha:
“A mensagem que dizem ser a mais delicada em relação a mim, o que é? É uma notícia-crime. Alguém informa que tem informações relevantes sobre crimes e eu repasso para o Ministério Público. Isso está previsto expressamente no Código de Processo Penal, artigo 40, e também no artigo 7 da Lei de Ação Civil Pública, que diz que ‘quando o juiz tiver conhecimento de fatos que podem constituir crime ou improbidade administrativa ele comunica o Ministério Público’. Basicamente é isso, eu recebi e repassei. Porque eu não posso fazer essa investigação.”
“As pessoas ouviam histórias verdadeiras, plausíveis e, às vezes, histórias fantasiosas. E, muitas vezes, em vez de levar ao Ministério Público, levavam a mim. O que a gente fazia? A gente mandava para o Ministério Público. Mandava normalmente pelos meios formais, mas, às vezes, existia uma situação da dinâmica ali do dia, naquela correria, e enviava por mensagem.”
Milhões de dólares para roubar mensagens da Lava Jato
O roubo das mensagens da Lava Jato custou milhões de dólares:
“Reservadamente, experientes investigadores da área de inteligência dizem acreditar que se trata de um trabalho feito por profissionais, à custa de muito dinheiro. Invadir telefones celulares e acessar dados de aplicativos de mensagens é algo difícil até para os órgãos oficiais de investigação. Normalmente, esse tipo de ação depende de tecnologias caríssimas, na casa dos milhões de dólares. Chegar ao autor das invasões é tarefa difícil. Alguns ataques não deixam vestígios, observa Evandro Lorens, diretor da associação que representa os peritos criminais da Polícia Federal. Ele diz ser imprescindível periciar os aparelhos dos alvos.”
“Não há um só momento em que se flagre uma combinação entre Deltan e Moro”
“O fato de o Intercept ter publicado o que diz ser a íntegra das conversas ajudou a confirmar a percepção de que os dois só têm conversas a respeito de procedimentos, e o que parece uma participação indevida do juiz Moro, na verdade é a discussão de decisões sobre as investigações, ou a comunicação de uma testemunha que havia revelado um crime.
Mesmo as conversas entre os dois, que não são diretamente ligadas a casos específicos, são sobre o combate à corrupção, e como ela está arraigada na sociedade brasileira. Afinal, a Força-Tarefa da Lava Jato existe para isso.”
Moro diz que não há motivo para anular processo de Lula
Sergio Moro, negou que o processo do triplex possa ser anulado por causa das mensagens roubadas à Lava Jato:
“Olha, se tiver uma análise cautelosa, se nós tirarmos o sensacionalismo que algumas pessoas interessadas estão fazendo, não existe nenhum problema ali. Foi um caso decidido com absoluta imparcialidade com base nas provas, sem qualquer espécie de direcionamento, aconselhamento ou coisa que o valha.”
Ele aproveitou para dar um cascudo em Gilmar Mendes:
“Existiam às vezes situações de urgência, eventualmente você está ali e faz um comentário de alguma coisa que não tem nada a ver com o processo. Isso não tem nenhum comprometimento das provas, das acusações, do papel separado entre o juiz, o procurador e o advogado. Não existe também nenhuma espécie, vamos dizer assim… Até ouvi uma expressão lá de que eu era ‘chefe da Lava Jato’. Isso é uma falsidade.”