Em meio a uma nova escalada militar, a Rússia acusou, nesta terça-feira (27/5), a Ucrânia de tentar frustrar as negociações de paz, com o apoio de países europeus. Segundo o Kremlin, o fornecimento contínuo de armas ocidentais a Kiev e os recentes ataques com drones e mísseis contra o território russo são evidências de que o Ocidente está envolvido no conflito.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, declarou que assiste à Europa participar indiretamente da guerra.
“Vemos que a Europa está participando indiretamente: as entregas de armas continuam. Isso é participação indireta na guerra contra a Rússia. Estamos todos testemunhando discussões em andamento sobre a possibilidade do surgimento de ‘contingentes europeus’”, referindo-se ao envio de armamentos e à possibilidade de envio de tropas europeias à Ucrânia.
Na segunda-feira (26/5), o governo da Alemanha liberou ataques da Ucrânia contra o território da Rússia com armas de origem do país.
De acordo chefe da diplomacia alemã, a decisão vai possibilitar que o país liderado por Volodymyr Zelensky possa “se defender”.
Ele então sugeriu, o uso de armas da Alemanha para ataques contra instalações militares russas. O que, há alguns meses, não era permitido, já que forças ucranianas podiam atacar somente posições russas na própria Ucrânia.
O Ministério da Defesa russo relatou que, desde 20 de maio, interceptou mais de 2.300 drones ucranianos, muitos fora da zona de conflito, e acusou Kiev de intensificar ataques com armas fornecidas pelo ocidente.
Entenda os desdobramentos das novas negociações
- Na última rodada de diálogos, mediada pelo governo turco, os representantes de Moscou e Kiev não chegaram a um consenso.
- Nos últimos dias, o Kremlin afirmou que uma lista de exigências para um possível cessar-fogo está sendo preparada.
- Um telefonema entre o líder russo, Vladimir Putin, e o presidente norte-americano, Donald Trump, deu início a nova rodada de negociações para uma possível trégua na guerra que perdura três anos no Leste Europeu.
- Durante a conversa, Putin propôs a elaboração de um memorando com pontos-chave para um possível tratado de paz. A proposta incluiria os princípios de uma solução negociada, o momento adequado para a implementação e a possibilidade de um cessar-fogo temporário, caso haja consenso entre as partes.
Em resposta, a Ucrânia acusou a Rússia de estabelecer condições que complicam e arrastam o processo de paz. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia é a única parte que deseja a continuação da guerra e o fracasso da diplomacia.
Nessa segunda-feira (27/5), após o maior ataque aéreo russo desde o início da guerra da Ucrânia, Peskov, anunciou que Moscou segue elaborando um “plano de paz” a ser apresentado aos ucranianos.
O Vaticano também se ofereceu para sediar futuras negociações de paz. O papa Leão XIV, primeiro pontífice norte-americano, expressou disposição para mediar o diálogo entre Rússia e Ucrânia. No entanto, obstáculos diplomáticos e logísticos, como sanções europeias à Rússia, dificultam a realização dessas conversas.
A Rússia condiciona as negociações de paz ao reconhecimento internacional das regiões ucranianas anexadas, incluindo a Crimeia, Donetsk, Lugansk, Zaporizhzhia e Kherson. A Ucrânia e seus aliados europeus rejeitam essa demanda, considerando-a uma apropriação ilegal de território.