A Justiça da França informou nesta quinta-feira (15/5) que Nicolas Sarkozy foi autorizado a retirar o dispositivo de monitoramento policial. O ex-presidente teve o uso da tornozeleira eletrônica decretado durante pouco mais de três meses.
A promotoria de Paris informou que o ex-político da direita, que presidiu a França entre 2007 e 2012, está em liberdade condicional desde quarta-feira.
Nicolas Sarkozy foi acusado, julgado e condenado por corrupção e tráfico de influência. Ele foi condenado em dezembro do ano passado a três anos de prisão, sendo o primeiro terço com tornozeleira eletrônica.
Em 28 de janeiro, data que Nicolas Sarkozy completou 70 anos, a defesa do ex-presidente, representada pela advogada Jacqueline Laffont-Haïk, pôde solicitar, conforme permitido por lei, liberdade condicional antes da metade da pena.
O Ministério Público informou que a solicitação foi feita em 16 de abril, mas a decisão judicial só saiu no dia 12 de maio.
Em liberdade condicional, Sarkozy é obrigado a solicitar autorização prévia do juiz “para qualquer viagem que supere o período de 15 dias ou para qualquer viagem ao exterior”.
“Essa medida está estritamente de acordo com a lei e a jurisprudência”, afirmou a advogada Laffont-Haïk.
A equipe de Nicolas Sarkozy garantiu que ele já retornou ao trabalho em seu escritório, em Paris.
Acusações tenebrosas
Sarkozy foi considerado culpado de corrupção e tráfico de influência no caso das chamadas “escutas telefônicas”, relacionadas ao financiamento de sua campanha à eleição presidencial de 2007.
Outros dois réus foram condenados à mesma sentença do ex-presidente. O advogado Thierry Herzog, defensor do ex-presidente de longa data, e o ex-juiz Gilbert Azibert, do Tribunal de Cassação, a mais poderosa instância do sistema judiciário francês. O Tribunal de Apelação considerou ambos culpados de firmar um “pacto de corrupção” com Sarkozy em 2014.
O objetivo era que Azibert tentasse influenciar um recurso que Sarkozy havia apresentado em outro caso de supostas doações ilegais ao seu partido pela milionária Liliane Bettencourt, dona da L’oréal, que morreu em 2017.
Financiamento da Líbia
Sarkozy ainda sofre outra acusação: em 2005, ele teria feito um acordo com o então ditador da Líbia, Muammar Kadafi – morto em 2011 – , para receber financiamento para sua vitoriosa campanha presidencial de 2007. Em troca, o político francês ofereceria benefícios diplomáticos a Kadhafi.
“Ele lutará contra as falsas acusações promotoria. Não há financiamento líbio para a campanha”, disse o advogado do ex-presidente, Christophe Ingrain.
Em janeiro deste ano, Saif al-Islam Kadhafi, filho do ditador Kadhafi, confirmou que seu pai financiou a campanha de Sarkozy.
Sarkozy pode ser condenado a até dez anos de prisão e uma multa de € 375 mil, além de privação de direitos civis e ficar inelegível por 5 anos.
O veredito deve sair apenas em 25 de setembro. Nicolas Sarkozy sempre alegou inocência.
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