O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu, nesta quinta-feira (9/1), que as declarações e promessas do presidente eleito dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, geram preocupação. No entanto, ele frisou que o Brasil só se posicionará quando “decisões forem efetivamente tomadas”.
Questionado sobre a fala de Trump de taxar 100% os países integrantes dos Brics que optarem por abandonar as transações feitas em dólar, o titular da Fazenda afirmou que é preciso ter cautela ao comentar declarações.
“Quando uma pessoa faz uma declaração, não é bem aquilo que ela vai decidir. O presidente [Donald] Trump vai tomar posse, vai começar a tomar medidas efetivas. Nós só vamos nos colocar quando as decisões forem efetivamente tomadas”, disse.
“Há uma certa incerteza em relação ao que efetivamente vai ser feito. Preocupa sempre, mas vamos ter cautela também para saber efetivamente o que vai acontecer”, complementou Haddad.
Em novembro do ano passado, o presidente eleito dos EUA se posicionou contra a criação de uma moeda própria dos Brics e ameaçou impor “tarifas de 100%” aos países-membros. A fala de Trump vai na contramão do que é dito publicamente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), defensor da ideia de que as nações parem de ser reféns da moeda norte-americana.
“A ideia de que os países Brics estão tentando se afastar do dólar enquanto nós ficamos parados e observamos acabou. Exigimos um compromisso destes países de que não criarão uma nova moeda do Brics, nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano. Dólar ou eles enfrentarão tarifas de 100% e deverão dizer adeus às negociações com a maravilhosa economia americana. Eles podem procurar outro otário! Não há hipótese de o Brics substituir o dólar americano no comércio internacional, e qualquer país que tente deve dar adeus à América”, ameaçou Donald Trump.
Brasil assume presidência dos Brics
Nesta quinta-feira, o presidente Lula, Haddad e outros ministros se reúnem no Palácio do Planalto para tratar da presidência brasileira do bloco econômico, que durará até o fim de 2025.
O comando do Brics é rotativo e durará um ano. Neste tempo, o Brasil deseja trabalhar em dois eixos principais: cooperação do Sul Global e reforma da governança global.
Participam da reunião:
- o ministro da Casa Civil, Rui Costa;
- o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira;
- o ministro da Secretaria-Geral, Márcio Macêdo;
- a secretária-Executiva da Casa Civil, Miriam Belchior;
- o assessor-Chefe da Assessoria Especial do Presidente da República, Celso Amorim; e
- o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello.