A falta de dinheiro e os problemas de saúde são os principais entraves para que consumidores consigam renegociar dívidas no país, aponta um levantamento do Pagou Fácil, plataforma especializada em negociação de débitos.
O estudo mostra que metade dos relatos citam falta de recursos como o principal obstáculo na hora de fechar um acordo.
Outros 20% mencionam questões de saúde que dificultam o pagamento. Reclamações sobre o atendimento e entraves ligados a processos judiciais e burocráticos aparecem empatados, com 15% cada. A maior parte dos endividados, segundo a pesquisa, recebem até 2 salários mínimos.
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A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC), registrou em outubro um índice recorde, 30,5% das famílias estavam inadimplentes. Além disso, 79,2% tinham algum tipo de dívida.
Já o indicador de percepção de “muito endividados” chegou a 16,5%, o maior patamar desde agosto de 2024.
Dados recentes do Banco Central (BC) reforçam o quadro, quase metade dos brasileiros segue endividada, e os compromissos financeiros consomem cerca de 28% da renda média.
No entanto, segundo o Pagou Fácil, 89% dos entrevistados demonstram clara intenção de quitar dívidas, movimento que se reflete nos feirões de renegociação, que continuam sendo uma das principais portas de entrada para quem busca descontos maiores, prazos alongados e menos burocracia na hora de regularizar pendências.
Ferramentas de bancos, plataformas de educação financeira e serviços de proteção ao crédito, como SPC Brasil, também ajudam a organizar as contas e planejar o futuro. Além de orientar sobre juros, orçamento e hábitos de consumo, esses recursos reforçam a conscientização financeira e reduzem o risco de que a inadimplência volte a ocorrer.
Quitar débitos também abre portas no mercado. Com o nome limpo, o consumidor recupera acesso a crédito, melhora as condições para financiar bens, alugar um imóvel e até conquistar vagas em empresas que analisam histórico financeiro, explicam especialistas.
Para o gerente da Paschoalotto, empresa de serviços financeiros, Geovanni Borsetto, o acúmulo de dívidas gera uma rotina de estresse contínuo que afeta diretamente o sono, o foco, a produtividade e as relações familiares, afetando diretamente a saúde mental dos endividados, gerando um ciclo vicioso.
“Esse quadro piora quando ocorre uma queda brusca de renda, desemprego ou adoecimento, momentos em que a percepção de vulnerabilidade é ainda maior”, disse.
Além disso, de acordo com o levantamento, 52% dos endividados são mulheres, contra 48% que são homens. Além disso, a predominância é de clientes casados, com 87%, frente a 12% solteiros.
Confira o índice de endividamento nos estados do Brasil:
- São Paulo: 20,1%
- Rio de Janeiro: 7,7%
- Bahia: 7,5%
- Minas Gerais: 7,4%
- Pernambuco: 5,6%
- Ceará: 5,5%
- Paraná: 5,2%
- Rio Grande do Sul: 4,8%
- Santa Catarina: 3,5%
- Distrito Federal: 3,4%