“A gordura no fígado já atinge mais de 30% da população mundial e tem se tornado cada vez mais comum entre pessoas sedentárias ou que não seguem uma dieta balanceada”
“Pouco conhecida e sem sintomas claros, a esteatose hepática não alcoólica atinge mais de 30% da população mundial, mas a maioria não sabe que sofre com ela.”
“De maneira geral, os pacientes só descobrem o problema – conhecido popularmente como gordura no fígado – quando realizam exames de sangue ou de imagem que investigam outras doenças.
Assim, são pegos de surpresa e orientados a mudar radicalmente seus hábitos para evitar que o quadro evolua para cirrose ou câncer, por exemplo.
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De acordo com a médica Bianca Della Guardia, coordenadora do Grupo Médico Assistencial de Doenças Hepáticas do Hospital Albert Einstein, o problema é grave e se caracteriza pelo acúmulo excessivo de gordura (lipídios) nas células do fígado, órgão que se situa no lado superior direito do abdome e exerce mais de 500 funções no organismo.
Além disso, o problema tem se tornado cada vez mais comum em pessoas sedentárias ou que não seguem uma dieta balanceada.
Mas a má alimentação e a falta de exercícios não são os únicos responsáveis pelo desenvolvimento da gordura no fígado. Fatores como obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo 2 e resistência à insulina também podem influenciar no aparecimento da esteatose hepática não alcoólica e estimular a evolução do problema para outras doenças.
Em grande parte dos casos de grau leve, a evolução não ocorre e a condição permanece equilibrada por muito tempo, sem influenciar na rotina do paciente. Só que isso não é motivo de descuido porque o acúmulo de gordura no órgão de forma moderada ou grave aumenta a chance do desenvolvimento de uma fibrose hepática em alguns pacientes e até de doença hepática terminal (cirrose) ou câncer no fígado em outros.
Transplantes
Segundo a médica, nem sempre há tempo de reverter esses quadros e os pacientes precisam entrar na fila do transplante como uma tentativa de combater o problema.
“Grande parte dos transplantes de fígado que realizamos [no Hospital Albert Einstein] chegam a nós como quadros de esteatose hepática avançada”, afirma Bianca.
Ainda segundo a especialista, não existem medicamentos aprovados para o tratamento da doença. Por isso, os pacientes que detectam a gordura no fígado ainda em estágio inicial têm maiores de chances de evitar o avanço do problema.
Para isso, a orientação é realizar caminhadas, corridas ou outros exercícios frequentemente. Além da atividade física, a alimentação também deve ser saudável com restrição no consumo de carboidratos refinados, produtos com alta carga glicêmica e gorduras saturadas. Vícios como tabagismo também precisam ser abandonados.
No entanto, essa detecção precoce da doença é difícil devido à falta de sinais evidentes. “Como não há sintomas específicos no início do aparecimento, é preciso focar na prevenção e na adoção de hábitos saudáveis”, finaliza Bianca.
Alcoolismo
Pessoas viciadas em bebidas alcoólicas se encaixam no grupo de risco para uma esteatose hepática específica ao álcool e, para esses casos, o tratamento exige a exclusão total das bebidas.
Dicas para prevenir a gordura no fígado
– Restrinja o consumo de carboidratos refinados, os de alta carga glicêmica e as gorduras saturadas. Substitua esses alimentos por azeite de oliva, peixes, frutas e verduras.
– Procure manter o peso dentro dos padrões ideais para sua altura e idade.
– Esteja atento à medida da circunferência abdominal, que não deve ultrapassar 88 cm nas mulheres e 102 cm nos homens.
– Pratique atividade física regular.
– Beba com moderação e esporadicamente.
– Procure um médico para fazer seus exames periódicos de sangue e de imagem.”