- Publicidade - spot_imgspot_img
spot_img
HomeMundoLuto e impunidade marcam aniversário de explosão no porto de Beirute

Luto e impunidade marcam aniversário de explosão no porto de Beirute

- Publicidade -

Nesta segunda-feira (4/8), o Líbano lembra os cinco anos da explosão no porto de Beirute, que matou 235 pessoas, feriu mais de 7 mil e destruiu uma parte importante da capital.

A tragédia, causada pela detonação de centenas de toneladas de nitrato de amônio armazenadas de forma inadequada durante anos, ocorreu em um país já fragilizado por protestos massivos contra a corrupção ao longo de 2019 e pela crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19. Além de devastar Beirute, o desastre parece ter corroído a confiança da população nas instituições.

Leia também

Na véspera do aniversário da tragédia, uma cerimônia organizada pela sociedade civil, na avenida Charles Hélou – ao lado de uma das entradas do porto –, reuniu famílias das vítimas e representantes comunitários. O memorial, realizado com autorização, mas sem o apoio do governo de Beirute, foi idealizado pelo ativista Wissam Diab e homenageia cada vítima com o plantio de uma oliveira.

Ao explicar a escolha da árvore, Wissam disse: “A oliveira aguenta todas as crises e vive de 300 a 400 anos. Quando nós, visitantes dessa vida, partirmos, e essas oliveiras vão permanecer”.

Durante a cerimônia, a percepção era unânime entre familiares das vítimas: não há expectativa de indenização por parte do Estado, nem de responsabilização concreta.

O evento contou com a presença do primeiro-ministro Nawaf Salam, que afirmou que o Estado libanês “não abrirá mão da justiça ou da verdade” no caso. No mesmo ato, parte da avenida foi oficialmente renomeada “Rua das Vítimas de 4 de Agosto”, gesto visto como fundamental para preservar a memória coletiva da tragédia.

Degradação da confiança popular no governo

O Líbano é um país com um sistema político baseado no sectarismo, com 18 seitas oficialmente reconhecidas, entre elas drusos, cristãos maronitas, gregos-ortodoxos, muçulmanos xiitas, sunitas, cristãos armênios e outros. Essa divisão se reflete na geografia e no cotidiano, e até o luto costuma seguir fronteiras religiosas. No caso da explosão, no entanto, o impacto foi transversal: as vítimas pertenciam a diferentes comunidades, unindo o país em um luto que atravessou identidades sectárias.

Entretanto, as tensões sectárias logo voltaram à tona. Dois primeiros-ministros renunciaram em menos de um ano, e a investigação – que envolve figuras de diferentes grupos políticos e religiosos – ficou paralisada por anos devido a bloqueios políticos e judiciais. Ela só foi retomada em janeiro de 2025, com a chegada de um novo poder executivo que se elegeu com a promessa de combater a impunidade. Apesar de interrogatórios recentes, a acusação formal ainda não foi emitida, alimentando a descrença popular nas instituições governamentais.

Em outubro de 2021, os partidos xiitas Hezbollah e Amal acusaram a investigação acerca da explosão de ser politicamente motivada e de mirar, de forma desproporcional, seus aliados. Um protesto organizado por ambos para exigir a remoção do juiz Tarek Bitar terminou em violência: seis mortos e 32 feridos, em um ataque que atribuíram à facção cristã Forças Libanesas.

O aniversário da explosão ocorre em um momento delicado para o Hezbollah, enfraquecido pela morte de lideranças em ataques israelenses – que continuam apesar do cessar-fogo em vigor desde novembro de 2024 – e sob pressão interna e externa para se desarmar.

 

- Publicidade -
Takamoto
Takamoto
Fotojornalista, artista marcial, ex-militar, perito criminal.
- Publicidade -
Midias Sociais
35,000FansLike
419,000FollowersFollow
ÚLTIMAS NOTICIAS
- Publicidade -
Relacionadas
- Publicidade -