Aumento da posse de armas e a queda do número de assassinatos favorece a tese do governo Bolsonaro
Posse de armas bateu recorde de novas armas de fogo registradas em um só ano sob o governo de Jair Bolsonaro: foram 44.181 entre janeiro e novembro de 2019, alta de 24% em relação a todo o ano passado. Ocorre que neste mesmo período o número de crimes violentos caiu 22,6%.
Este é o maior número de autorizações para posse — isto é, para ter uma arma em casa — concedidas pela Polícia Federal desde 2010, segundo estatísticas inéditas obtidas pelo GLOBO com base na Lei de Acesso à Informação (LAI).
O levantamento diz respeito apenas a registros para pessoas físicas, excluindo, por exemplo, aquisições de órgãos públicos e empresas de segurança e também dos CACs (colecionadores, atiradores e caçadores), cujo registro é feito pelo Exército.
A queda do número de assassinatos associada ao aumento do registro de armas contraria a principal narrativa dos desarmamentistas, a de que quanto maior o número de armas, maior seria a violência. Neste caso, o resultado no ano de 2019 mostra o contrário.
O general Hamilton Mourão declarou que considera os aumentos recentes de posse de armas registradas são insuficientes para a população brasileira. De acordo com dados do exército, a quantidade de armas registradas alcançou a marca de um milhão este ano, após uma série de decretos assinados por Bolsonaro que flexibilizaram as regras para posse de armas.
Mourão afirmou que “questão de arma é questão de livre arbítrio das pessoas, desde que elas se enquadrem no que prevê a legislação. Nós temos 220 milhões de habitantes, um milhão de armas tá pouco. Tem que ter mais”. A população brasileira atual estimada pelo IBGE é de 210 milhões de habitantes. O general também comentou sobre a imprecisão dos dados, considerando as armas que estão “nas mãos dos bandidos e não estão contadas”.
Ainda é cedo para avaliar os efeitos da facilitação da posse de armas a longo prazo. Todavia, 2019 já apresenta indicativos favoráveis ao governo e os que defendem que armas nas mãos da população de bem significa mais segurança, e não o contrário.
A queda de 22,6% do número de mortes violentas foi divulgada pelo Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.