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    PCC e PT atuavam juntos para coagir sem-teto, diz MP

    Testemunhas sem-teto afirmaram pagar aluguéis que variavam de R$ 150 a R$ 400

    O promotor de Justiça Cássio Conserino denunciou 19 integrantes de movimentos sem-teto de São Paulo por cobrarem aluguel de moradores dos imóveis invadidos, bem como por extorquir os ocupantes em caso de inadimplência. A investigação começou após o incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, ocorrido em 1º de maio de 2018, em que sete pessoas morreram.

    As testemunhas afirmaram pagar um valor mensal que variava de R$ 150 a R$ 400 aos coordenadores dos diversos movimentos investigados. De acordo com alguns relatos, quem atrasava o aluguel era ameaçado, agredido, ou expulso do prédio.

    Os moradores ainda pagavam valores do rateio da manutenção dos edifícios. Na denúncia também consta que uma das testemunhas presenciou subornos a funcionários da Prefeitura e Eletropaulo para não interditarem um dos 19 prédios invadidos.

    O PCC fazia a cobrança e o chicote estralava pros mais pobres

    Nessa perspectiva os diversos movimentos sociais por seus respectivos líderes invadiam os edifícios e delegavam aos coordenadores a cobrança, manutenção e fiscalização dos alugueres das vítimas residentes nos prédios; estas, sim, efetivamente necessitadas e, caso não recebessem o pagamento dos préstimos materiais, perpetravam todo tipo de ameaças e/ou violência para expulsar o ‘inadimplente’ do edifício, inclusive valendo-se do auxílio de integrantes da facção criminosa que opera dentro e fora dos presídios paulistas e pelos Brasis afora (PCC), consoante se detectou da medida de interceptação telefônica levada a efeito nos autos em apenso, tudo demonstrando uma indevida simbiose entre os tais movimentos ditos populares e a criminalidade organizada.“, conforme consta na denúncia.

    PT PCC MPSP

    Tem que votar PT e participar de manifestos pró-Lula e Dilma

    No último 24 de junho, uma operação da Polícia Civil prendeu quatro integrantes de movimentos de moradia, por suspeita de extorsão.

    Na operação, foram presas Ednalva Silva Franco Pereira, Sidney Ferreira Silva, Janice Ferreira Silva (a Preta) e Angelica dos Santos Lima. Janice e Sidney são filhos de Carmen Silva, líder do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), que neste ano foi processada por extorsão, processo no qual foi inocentada.

    Segundo matéria publicada hoje pelo jornalista Pedro Carvalho na Veja ontem, os moradores eram compelidos “a votar em integrantes do PT, mudar o título eleitoral para o centro de São Paulo, participar de invasões a novos prédios e, por fim, participar de atos em apoio ao ex-presidente Lula e à ex-presidente Dilma”.

    PT e PCC juntos? Não é novidade: Palocci já havia dito

    O trecho abaixo foi publicado pela Revista Ceará em 8 de abril:


    O ex-ministro Antonio Palocci, em delação premiada afirmou que o partido dos trabalhadores (PT) teria usado por diversas vezes a facção criminosa PCC “Primeiro Comando da Capital” para lavar dinheiro no Brasil, incluindo o Estado do Ceará.

    Segundo foi apurado em uma das partes mais polêmicas da colaboração premiada do ex-ministro dos governos Lula, Antonio Palocci, trata de seu envolvimento direto com integrantes de uma rede de lavagem de dinheiro usada pelo crime organizado orquestrado com apoio da facção PCC.

    Pelo Ceará, o PCC foi parceiro de políticos poderosos, bancando-os e financiando-os em campanhas milionárias. O secretário Nacional de Segurança, general Guilherme Theophilo, garante que fará uma investigação sobre essa aliança ainda esse ano.

    Segundo depoimento de Palocci, o esquema envolveu o uso de propina na compra de vários imóveis, como um luxuoso apartamento em Moema, registrado em nome de uma empresa de Gesmo Siqueira Santos. Seu irmão Gildasio Siqueira Santos, já falecido, foi denunciado pelo MP por integrar esquema de lavagem de dinheiro do PCC por meio de postos de combustíveis. Gildásio foi sócio (e inquilino) de Leonardo Meirelles, também sócio do doleiro Alberto Youssef.

    Para quem não se lembra, Meirelles foi preso na primeira fase da Lava Jato por causa do esquema do Labogen, que também levou à prisão o ex-deputado petista André Vargas. Essa parte explosiva da delação de Palocci está em Brasília.


    O lado dos movimentos

    Procurado pela Agência Brasil, o advogado Ariel de Castro Alves, que defende os irmãos Preta e Sidney, diz que os membros do Movimento Sem Teto do Centro “nunca tiveram relação com o edifício Wilton Paes”.

    Sobre a cobrança, o advogado explicou que, “em alguns movimentos de moradia existem contribuições coletivas, inclusive previstas nos regimentos e debatidas nas assembleias de moradores. Com as contribuições são feitas  manutenções nos imóveis, serviços de encanamento, eletricidade, reformas e pinturas, além de pagamento de água e luz. Todos que ingressam nas ocupações tomam ciência sobre a finalidade das contribuições e são feitas prestações de contas nas assembleias”.

    Para o advogado, a denúncia do promotor é “desconexa” e não individualiza condutas, além de misturar movimentos “com atuações totalmente diferenciadas”. “É uma peça de ficção, cheia de ilações, suposições e obsessões ideológicas do próprio promotor”.

    * Fontes: Ministério Público de São PauloVejaRevista Ceará e Agência Brasil

    Takamoto
    Takamoto
    Fotojornalista, artista marcial, ex-militar, perito criminal.

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